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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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LIÇÃO DE CASA

Krueger reuniu-se pela primeira vez com área social do governo

FMI rejeita idéia de calcular superávit sem gastos sociais

Jamil Bittar/Reuters
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) cumprimenta a vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger


GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A vice-diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, descartou a hipótese de o órgão excluir investimentos na área social e de infra-estrutura do cálculo do superávit primário (economia do setor público para pagar juros) previsto no acordo com o Brasil.
A declaração de Krueger foi feita em Brasília, onde pela primeira vez incluiu em sua agenda encontros com a equipe da área social do governo brasileiro.
Krueger afirmou ser contra associar superávit a gasto social. "Eu insisto que o superávit primário é algo que funciona para alcançar os objetivos sociais", disse.
"Para o Brasil crescer de maneira sustentada em favor dos pobres e desassistidos é importante que esse superávit [4,25% do PIB] seja pelo menos mantido."
Krueger disse que "se há obras de infra-estrutura que precisam ser feitas, há outros tipos de gastos que podem ou devem ser cortados". Segundo ela, "a escolha é do governo". A vice-diretora-gerente do fundo afirmou ainda que o poder público pode obter financiamento junto ao setor privado para executar essas obras.
Há no governo uma corrente que defende o chamado superávit anticíclico -quando a economia do país cresce mais, o governo poupa mais; quando cresce menos, o superávit é reduzido.
O ministro Guido Mantega (Planejamento) e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, são favoráveis ao mecanismo. Krueger disse que "a idéia é boa", mas que é preciso "construir esse mecanismo". Segundo ela, superávit não foi assunto das conversas que teve ontem com membros do governo.
Sobre a inclusão de metas sociais no atual acordo com o Brasil, Krueger disse apenas que o FMI estimula os países a terem programas nessa área. Em junho, o presidente Lula irá participar da reunião do G-8 (sete países mais ricos mais a Rússia), na França, quando deverá propor que os mais ricos financiem um fundo mundial de combate à fome.
Durante conversa com a ministra Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social), além de falar sobre política social, a vice-diretora-gerente perguntou sobre as críticas e a resistência que o governo enfrenta nas reformas tributária e previdenciária. Embora não tenha sido específica em relação aos autores dessas críticas, ficou claro que o alvo são os radicais do PT.
De Benedita, Krueger ouviu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um negociador hábil e que está se superando para obter consenso em torno das reformas.
À tarde, durante entrevista coletiva, Krueger disse que o governo está fazendo "esforços consideráveis" para obter consenso sobre o tema. Disse ainda que divergências são inerentes às democracias.


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