|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIO GASPARI
FFHH roga uma praga para Lula
Uma das características de
FFHH que mais caro custaram ao tucanato foi o toque de
deboche com que às vezes enfeitava sua retórica. Coisas como
"neobobos" ou "vida de rico, em
geral, é muito chata". Custou
tanto quanto a ligeireza com que
se referia ao desastroso desempenho de sua política econômica.
Em março de 2000, por exemplo,
saiu-se com essa: "Chegou a hora de colher os frutos. Daqui por
diante, é desenvolvimento, bem-estar e prosperidade". Produziu
estagnação, desemprego e ruína.
Deve ter sido uma mistura de
deboche com ligeireza que o levou a desejar o seguinte a Lula:
"Que ele seja fiel a ele mesmo,
aos seus impulsos e à esperança
do povo que o elegeu e continue
levando o Brasil por esse caminho".
Há mais veneno nessas 26 palavras do que em todo o estoque
do Instituto Butantan.
A desgraça brasileira se chama
estagnação, desemprego e aviltamento do trabalho. Isso tem sido imposto à patuléia por estetas
do fracasso que se apresentam
como detentores de uma forma
superior de conhecimento. Eles
destruíram o compromisso da
sociedade brasileira com o desenvolvimento econômico.
Pela primeira vez desde 1930
um grupo de administradores do
futuro nacional anatemizou o
desenvolvimento. Durante quase 70 anos o Brasil teve todo tipo
de gente na política, liberais, comunistas, larápios, integralistas,
guerrilheiros, trabalhistas, assassinos e até um suicida. Todos tinham compromisso com o crescimento econômico.
Desde 1995 o brasileiro vem
sendo ludibriado. A cada janeiro
prometem-lhe crescimento econômico, mais empregos e menos
impostos. A cada dezembro entregam-lhe estagnação, desemprego e impostos. FFHH recebeu
o país com uma carga tributária
de 28,6% do PIB e entregou-o
com 35,86. Se ninguém fizer nada, Lula encosta nos 40%.
Um trabalho da Secretaria de
Desenvolvimento da Prefeitura
de São Paulo mostra o que vem a
ser o caminho de impostos, juros
altos e promessas de progresso.
Entre 1940 e 1980, de cada dez
postos de trabalho que se
abriam, oito eram assalariados,
sete dos quais com carteira assinada. A partir de 1990, de cada
dez postos de trabalho, só três
eram assalariados, um com carteira assinada e dois informais
(ilegais, explica o trabalho). Entre 1989 e 2001, o número de desempregados passou de 1,9 milhão para 7,8 milhões de almas.
Destruíram-se 7,5 milhões de
ocupações com salários acima de
dois salários mínimos, criando-se 19,5 milhões de postos de trabalho abaixo dessa linha. (O que
não significa que os pobres se
empregaram, apenas que os empregados ficaram pobres.)
Pode-se dizer que isso são estatísticas e que é mais fácil manipular um número do que descascar uma banana. Para os tucanos, importante mesmo é a estatura internacional de FFHH. Pelos petistas, fala o senador Tião
Viana. Menciona, num só artigo, Norberto Bobbio, Rosa Luxemburgo, Lênin, Bossuet,
Trostsky, Habermas e Umberto
Cerroni, pede passagem e informa que Lula já é "a maior liderança da América Latina".
Para os demais, uma informação útil: em 2001, ano em que a
economia cresceu 1,5%, o setor
de segurança privada avançou
26,8%, faturando R$ 6 bilhões e
empregando perto de 340 mil
pessoas. No Rio a expansão foi
de 56%, e, em São Paulo, de
52%.
Texto Anterior: Fome Zero: Vera Loyola leiloa gargantilha "canina" Próximo Texto: Tensão no campo: MST invade banco e prefeitura e faz 2 reféns Índice
|