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TENSÃO NO CAMPO
Invasões ocorreram em Alagoas e Mato Grosso; em Pernambuco, houve confronto entre sem-terra e seguranças
MST invade banco e prefeitura e faz 2 reféns
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TRACUNHAÉM (PE)
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
No dia em que uma de suas
principais lideranças demonstrou
publicamente sua impaciência
com o governo federal, o MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) invadiu uma
agência bancária em Maceió
(AL), a Prefeitura de Pedra Branca (MT) e manteve dois seguranças reféns em Tracunhaém (PE).
"Paciência e fé têm limites", disse ontem João Paulo Rodrigues,
da coordenação nacional do MST
(leia texto nesta página).
No interior de Pernambuco,
sem-terra entraram em confronto
com seguranças da usina Santa
Teresa, que controla o engenho
Prado, invadido, depredado e incendiado anteontem pelos lavradores. Também anteontem, sem-terra ligados ao MST invadiram a
Prefeitura de Salto do Céu (MT).
Em Tracunhaém, no acampamento dos sem-terra, cinco tiros
foram disparados, e uma motocicleta foi incendiada durante o
conflito, ocorrido durante a visita
do ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho.
Silva Filho ouvia a versão dos
trabalhadores rurais sobre o ataque ao engenho quando um grupo com cerca de 20 acampados, em uma camionete, saiu em perseguição a dois seguranças que se
posicionaram com motocicletas a
500 metros do acampamento.
A Agência Folha acompanhou a
perseguição, iniciada em uma estrada vicinal e encerrada no meio
de um canavial. Na estrada, dois
tiros foram disparados quando os
lavradores, portando foices, facões e pedaços de pau, desceram
da camionete e tentaram cercar os
funcionários da usina.
Os seguranças conseguiram fugir com as motos e entraram no
meio de um canavial. Os lavradores mantiveram a perseguição a
pé até conseguir cercá-los na lavoura. Mais três tiros foram disparados, mas ninguém se feriu.
Os dois funcionários da empresa ergueram as mãos e se renderam. Os sem-terra seguraram em seus braços e os levaram até a entrada do acampamento. Uma das
motos foi incendiada no local.
Com coldres e munição na cintura, eles confirmaram que estavam armados com revólveres calibre 38. Entretanto, negaram ter
atirado contra os lavradores. Disseram que não ouviram tiros durante a perseguição e que jogaram
suas armas no mato. Os lavradores, ligados ao MST e à CPT (Comissão Pastoral da Terra), também negaram estar armados.
Silva Filho disse ter se surpreendido com o confronto. "Confesso
que não imaginava que a situação
estivesse tão acirrada."
Os funcionários da usina foram
entregues a quatro PMs. O comandante do grupo, que se identificou como sargento Ivan, não informou por que eles não agiram. No início da noite, representantes do Ministério Público Federal, da Promotoria Estadual, do
governo de PE, do Incra e dos
sem-terra se reuniram em Recife
para iniciar a discussão sobre como agilizar o processo de desapropriação da área.
Ontem, o Ministério do Desenvolvimento Agrário não quis comentar os incidentes no campo.
Em Maceió, por volta das 11h,
cerca de 250 integrantes do MST
invadiram uma agência do BNB
(Banco do Nordeste), no centro
da cidade. Segundo a PM, um policial foi ferido sem gravidade. Segundo o MST, "policiais mal preparados causaram o tumulto".
Os sem-terra deixaram o local
às 13h30, segundo a PM. "Estamos cansados com a burocracia
do governo", disse José Cícero
Santino, coordenador do MST.
Colaboraram JOSÉ MASCHIO, da Agência Folha, em Londrina, e HUDSON
CORRÊA, da Agência Folha, em Campo
Grande
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