São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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Suplicy defende direito a assinar o pedido de CPI

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) irá defender hoje, na reunião do Diretório Nacional do partido, o direito de os parlamentares petistas subscreverem o pedido de instalação da CPI dos Correios.
Para tanto, irá recorrer a uma frase largamente utilizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "a questão ética é fundamental". Suplicy afirmou que "inúmeras vezes" ouviu de Lula essa afirmação. Nesta semana, o presidente solidarizou-se com o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), citado numa gravação como o beneficiário de um esquema de corrupção nos Correios. Lula afirmou que não se pode prejulgar ninguém.
Ontem, o Campo Majoritário, tendência que tem maioria no partido, reuniu-se em São Paulo para definir o encaminhamento do assunto na reunião de hoje. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, participou do encontro.
Suplicy afirmou que dos 13 senadores do PT, 8 são favoráveis à CPI dos Correios. E relatou que o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e o líder do partido, Delcídio Amaral (MS), argumentaram para a bancada que uma CPI, neste momento, "é contrária ao interesse público" e será utilizada pela oposição "para inviabilizar a administração de Lula".
Porém Suplicy, que afirmou que deseja fazer a melhor defesa do governo Lula, não se convence com esse tipo de alegação. "É razoável e de bom-senso que assinemos, em que pese todo o problema que a CPI possa ocasionar."
O senador acredita que há uma distinção entre o caso da gravação nos Correios e o de Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu acusado de pedir propina ao empresário Carlos Cachoeira, no ano passado. Na ocasião, a oposição protocolou um pedido de CPI, mas ela não foi instalada.
"O caso Waldomiro ocorreu antes da posse do presidente Lula, e agora ocorre em uma empresa federal", lembrou, para acrescentar: "E, neste caso, há referências a pessoas do Congresso, que podem ou não ser responsáveis por atos [de corrupção]."
Apesar de defender o direito de os parlamentares petistas assinarem o pedido de CPI, o senador adiantou que pretende agir "em consonância e respeito às instâncias do partido".
"Vou esperar a reunião de amanhã [hoje] para decidir o que fazer", afirmou.


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