São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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GOVERNO SOB PRESSÃO

Estratégia do governo é apresentar pedidos de retirada de assinaturas na última hora, enquanto oposição prepara lista extra

PSDB e PFL já disputam a relatoria da CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Considerando fracassada a pressão do governo para evitar a instalação da CPI do Correios na próxima quarta-feira, o PSDB e o PFL no Senado já se articulam para ficar com a relatoria para garantir, segundo os senadores, o andamento das investigações.
No Senado, governistas já conversam sobre a composição de uma eventual CPI, mas na Câmara o esforço foi redobrado ontem para engrossar o movimento de retirada de assinaturas de aliados.
O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), passou o dia ao telefone na tentativa de barrar a CPI. Outros líderes, como José Borba (PMDB-PR), também permaneceram em Brasília para trabalhar pela retirada de nomes. A avaliação de um deles: "Ontem [anteontem] achava que era impossível evitar a CPI. Hoje [ontem], acho que é difícil", sugerindo que a situação do governo teria melhorado.
Ontem não houve retirada de assinaturas do pedido de CPI, só um pedido de acréscimo ainda não conferido do deputado Robério Nunes (PFL-BA). O requerimento já conta com 218 deputados e 49 senadores. O mínimo é 171 deputados e 27 senadores.
O pedido de CPI é baseado na denúncia de um esquema de corrupção nos Correios e outras estatais que envolveria o PTB, partido da base aliada do governo.
A relatoria e a presidência da CPI ficariam com as maiores bancadas da Câmara e do Senado. No Senado, o bloco de oposição PFL-PSDB é o maior, e ficaria com um dos cargos, preferencialmente a relatoria. Os mais cogitados são os senadores Demóstenes Torres (PFL-GO), Álvaro Dias (PSDB-PR) e César Borges (PFL-BA). O outro cargo ficaria para o PT, maior partido na Câmara.
A estratégia do governo é segurar para apresentar no último momento possível os nomes daqueles que vão retirar seus autógrafos, já que a oposição também diz guardar no bolso assinaturas de apoio que não constam da lista.
Essa ação foi duramente criticada no Senado ontem. Para Pedro Simon (PMDB-RS), o governo Lula não tem autoridade para argumentar que providências já estariam sendo tomadas porque não houve conclusão aceitável para o caso Waldomiro Diniz.
Já o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que, se houver uma retirada de assinaturas em massa, a estratégia teria de ser investigada. "Se o governo conseguir o milagre de retirar mais de 60 assinaturas, então vamos ter que propor uma CPI da Retirada de Assinaturas", provocou. (LEILA SUWWAN e RANIER BRAGON)


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