|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO SOB PRESSÃO
Estratégia do governo é apresentar pedidos de retirada de assinaturas na última hora, enquanto oposição prepara lista extra
PSDB e PFL já disputam a relatoria da CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Considerando fracassada a
pressão do governo para evitar a
instalação da CPI do Correios na
próxima quarta-feira, o PSDB e o
PFL no Senado já se articulam para ficar com a relatoria para garantir, segundo os senadores, o
andamento das investigações.
No Senado, governistas já conversam sobre a composição de
uma eventual CPI, mas na Câmara o esforço foi redobrado ontem
para engrossar o movimento de
retirada de assinaturas de aliados.
O líder do governo, deputado
Arlindo Chinaglia (PT-SP), passou o dia ao telefone na tentativa
de barrar a CPI. Outros líderes,
como José Borba (PMDB-PR),
também permaneceram em Brasília para trabalhar pela retirada
de nomes. A avaliação de um deles: "Ontem [anteontem] achava
que era impossível evitar a CPI.
Hoje [ontem], acho que é difícil",
sugerindo que a situação do governo teria melhorado.
Ontem não houve retirada de
assinaturas do pedido de CPI, só
um pedido de acréscimo ainda
não conferido do deputado Robério Nunes (PFL-BA). O requerimento já conta com 218 deputados e 49 senadores. O mínimo é
171 deputados e 27 senadores.
O pedido de CPI é baseado na
denúncia de um esquema de corrupção nos Correios e outras estatais que envolveria o PTB, partido
da base aliada do governo.
A relatoria e a presidência da
CPI ficariam com as maiores bancadas da Câmara e do Senado. No
Senado, o bloco de oposição PFL-PSDB é o maior, e ficaria com um
dos cargos, preferencialmente a
relatoria. Os mais cogitados são
os senadores Demóstenes Torres
(PFL-GO), Álvaro Dias (PSDB-PR) e César Borges (PFL-BA). O
outro cargo ficaria para o PT,
maior partido na Câmara.
A estratégia do governo é segurar para apresentar no último
momento possível os nomes daqueles que vão retirar seus autógrafos, já que a oposição também
diz guardar no bolso assinaturas
de apoio que não constam da lista.
Essa ação foi duramente criticada no Senado ontem. Para Pedro
Simon (PMDB-RS), o governo
Lula não tem autoridade para argumentar que providências já estariam sendo tomadas porque
não houve conclusão aceitável para o caso Waldomiro Diniz.
Já o senador Arthur Virgílio
(PSDB-AM) disse que, se houver
uma retirada de assinaturas em
massa, a estratégia teria de ser investigada. "Se o governo conseguir o milagre de retirar mais de
60 assinaturas, então vamos ter
que propor uma CPI da Retirada
de Assinaturas", provocou.
(LEILA SUWWAN e RANIER BRAGON)
Texto Anterior: Governo sob pressão: Palocci teme que CPI contamine economia Próximo Texto: Temer diz que não há como se opor à comissão Índice
|