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PF suspeita de ministro e analisa fita de segurança
Polícia apura imagens do circuito interno do ministério de Minas e Energia
Gravação traz funcionária da Gautama subindo pelo elevador privativo de Silas Rondeau para entregar pacote com suposta propina
Tuca Vieira/Folha Imagem
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O ministro Silas Rondeau, que ontem viajou para o Paraguai, para acompanhar o presidente Lula
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DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal, que apura
o suposto envolvimento revelado pela Folha do ministro Silas
Rondeau no esquema de fraude
de obras desmontado pela
Operação Navalha, recolheu fitas gravadas por câmeras do
serviço de segurança do Ministério de Minas e Energia.
As imagens mostram uma
funcionária da Gautama, Fátima Palmeira, entrando no ministério pelo elevador privativo
no dia 13 de março deste ano.
Ela carrega um envelope de cor
parda, no qual a PF acredita
que estavam R$ 100 mil.
Diretora financeira da Gautama, ela se dirige até o andar
do gabinete de Silas Rondeau.
Lá, encontra-se com o assessor
do ministro Ivo Almeida Costa,
preso na Operação Navalha.
Meia hora depois, as imagens
registram a saída de Fátima e
de Ivo do gabinete. Aí, quem está de posse do envelope é o assessor do ministro. Ele volta ao
gabinete. Depois, sai sem o envelope pardo.
Os agentes federais acreditam que dentro do envelope
havia dinheiro porque monitoraram outros funcionários do
empresário Zuleido Veras desde Salvador até Brasília. Gravação telefônica, por sinal, mostra o dono da Gautama falando
com o irmão Dimas Veras em
que diz ter estado com Silas
Rondeau no ministério.
Segundo a PF, depois de tudo
combinado, agentes acompanharam o funcionário da Gautama Florêncio Vieira embarcando para Brasília com dinheiro sacado numa agência da
Caixa Econômica Federal.
No aeroporto internacional
de Brasília, Florêncio se encontra com Tereza Lima, secretária particular de Zuleido. Antes, ela conversa com Zuleido e
relata que o empresário Sérgio
Sá estaria estressado porque o
dinheiro não havia chegado.
Fotos da PF mostram Florêncio se reunindo com Tereza
no aeroporto de Brasília. Ele
pega uma sacola vermelha com
a funcionária e vai até o banheiro. Em seguida, Tereza
reaparece com a sacola onde
estaria o dinheiro.
A PF acredita que, então, o
dinheiro foi repassado a Fátima Palmeira, encarregada de
levar a encomenda ao assessor
de Silas Rondeau. A suspeita de
suborno de R$ 100 mil recai sobre a fraude na instalação de
uma das etapas do Luz para Todos no Piauí, em 2006.
Ao relatar o suposto pagamento de propina por fraude
no Luz para Todos, a ministra
do STJ Eliana Calmon relata
que, "por envolver autoridade
com prerrogativa de foro, será
oportunamente deduzido perante a autoridade judiciária
competente".
O foro a que a juíza se refere
é o STF (Supremo Tribunal Federal), responsável pelas investigações criminais contra ministros de Estado e congressistas. No sábado, Calmon confirmou à Folha que existe suspeita sobre uma pessoa com direito a foro no Supremo, mas disse não saber o nome dela.
A prática de pagamento de
propina pela empreiteira é relatada no inquérito assim:
"Apenas para se ter uma idéia,
somente nesse último período
[20 de março a 03 de abril] foram transportados mais de R$
600 mil em dinheiro por funcionários da Gautama e pelo
próprio Zuleido Veras em malas para pagamento de propinas a agentes públicos".
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