|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grampo flagra pagamento a deputado
Escuta mostra conversa entre Paulo Magalhães, sobrinho de ACM, e dono da Gautama, empresa que comanda esquema
Mais três ex-deputados são mencionados pela PF no relatório encaminhado à Justiça; Magalhães não se manifestou sobre o assunto
MARTA SALOMON
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Conversas telefônicas interceptadas pela Operação Navalha revelam pagamento de R$
20 mil ao deputado federal
Paulo Magalhães (DEM-BA),
sobrinho do senador Antonio
Carlos Magalhães.
Segundo a PF, o deputado teria recebido o dinheiro pessoalmente de empregado da construtora Gautama no início deste mês, em seu gabinete.
A escuta telefônica da Polícia
Federal flagrou conversas do
deputado com Zuleido Veras,
apontado como líder da organização criminosa. Procurado
pela Folha ontem, o congressista não se manifestou.
O relatório da PF mostra que
Veras e Magalhães conversaram por telefone duas vezes no
dia 4 de maio. No segundo contato, pouco depois de 17h30,
Paulo Magalhães confirma que
recebeu a visita de Florêncio
Vieira, empregado da Gautama, encarregado de lhe entregar "o material".
Florêncio Vieira também foi
preso pela Operação Navalha.
Nos textos da PF, aparece como autor de saques em agências do Banco do Brasil e da
Caixa Econômica Federal. Cabia a ele transportar dinheiro
"para os lugares onde seriam
consumados os pagamentos".
Na segunda conversa do dia,
depois da entrega do dinheiro,
"Zuleido diz ótimo", registra a
PF na transcrição da conversa,
encerrada com o acerto de um
encontro pessoal entre o deputado e o dono da empreiteira.
Nessa conversa, há uma
menção truncada a "obra de
Brasília". Magalhães diz que
quer ver Veras pessoalmente
para fazer uma avaliação porque "meu amigo" perguntou
para ele se tinha alguma e ele
respondeu que do conhecimento dele, não.
O relatório das escutas resume: "Zuleido fala sobre pagamento de 20 mil reais ao deputado, os quais foram entregues
pessoalmente por intermédio
de Florêncio no dia 4 de maio
de 2007". Não há referência
precisa, na transcrição das escutas, ao objeto de negociação
entre a Gautama e o deputado.
O nome do deputado foi omitido do relatório parcial de inteligência policial da Operação
Navalha porque isso implicaria
a transferência das investigações para o STF.
O relatório sigiloso da PF
também levanta suspeitas contra o ex-deputado e ex-presidente do PP Pedro Corrêa, cassado no escândalo do mensalão. Ele faria "tráfico de influência junto ao ministro das
Cidades, Márcio Fortes, e ao
secretário-executivo, Rodrigo
Figueiredo" para liberar dinheiro para a quadrilha.
O ministro, também do PP,
disse à Folha, por meio de assessor, que Corrêa tinha credencial para ser recebido, por
ser presidente de partido, mas
que todas as liberações de recursos pelo ministério atenderam "a critérios técnicos previstos nos manuais e programas". Ressaltando que o ministério não se relaciona com empresas, afirmou que "não se
responsabiliza pelo eventual
uso indevido de seu nome".
Pedro Corrêa seria responsável por "agilizar e facilitar o recebimento de verbas públicas
por parte da organização criminosa comandada por Zuleido",
diz o relatório da PF.
Assim como Corrêa, o ex-deputado Humberto Michiles
(PL-AM) é mencionado no texto como ligado ao lobista Flávio
Candelot -pessoa que, segundo a PF, intermediava "pagamento de vantagens" em nome
da Gautama. Michiles teria recebido dinheiro da empreiteira
por meio do filho Tasso.
Outro ex-deputado, Ivan
Paixão (PPS-SE) é acusado pela PF de obter recursos federais
do Ministério da Integração
Nacional para obra da adutora
do rio São Francisco, executada pela Gautama.
Texto Anterior: Rondeau nega acusações e diz que nada teme na investigação Próximo Texto: Trecho Índice
|