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PV bancou viagem de parente de dirigente
Notas mostram que o partido fretou jato por R$ 97,2 mil e pagou R$ 70 mil em diárias para presidente
DA SUCURSAL DO RIO
Em apreciação pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), a
prestação de contas do PV nacional referente a 2005 inclui o
fretamento de um jato por quase R$ 100 mil e o pagamento de
passagens aéreas para parentes
do presidente do partido.
Segundo documentos e notas
fiscais que constam do processo aberto pelo TSE, as despesas
foram feitas com o dinheiro recebido pelo PV do Fundo Especial de Assistência Financeira
aos Partidos Políticos, o Fundo
Partidário, criado em 1995. Em
2005, o Fundo contemplou o
PV com R$ 1.146.280,99.
Dúvidas quanto à validade
dessas e de outras despesas da
cúpula do PV protelaram no
TSE a aprovação das contas do
partido referentes a 2005.
Naquele ano, o tribunal já havia vetado as contas do PV relativas a 1998. Como punição, o
partido deixou de receber o
Fundo Partidário em 2006. Por
suspeita de falsificação de documentos e irregularidades fiscais, o ministro Cezar Peluso,
relator do processo, acionou o
Ministério Público Eleitoral e a
Receita Federal, que investigam as contas do PV.
Em relação a 2005, o tribunal
está cobrando da direção nacional do PV explicações sobre
gastos diversos. Um deles trata
do fretamento na TAM, em 31
de março de 2005, de um jato
para o trajeto Belém/Brasília/
Belém, por R$ 97.257,40.
Conforme as explicações
apresentadas à Justiça Eleitoral, o avião foi fretado para levar até Belém dirigentes verdes
que participaram da reunião do
Conselho Nacional do partido.
Em 2005, a direção criou, na
Executiva Nacional, um grupo
(Comissão Operativa) sem consultar o Conselho Nacional. A
comissão é formada pelo presidente José Luiz Penna e quatro
membros da Executiva.
Com passagens aéreas e diárias, os integrantes da comissão
gastaram em 2005 um total de
R$ 173.139,17, retirados do
Fundo Partidário. Só em diárias o presidente do PV recebeu
R$ 70.805,55 naquele ano.
Ainda conforme os documentos em poder do TSE, no
decorrer de 2005, seis pessoas
estranhas à Executiva Nacional
viajaram de avião às custas do
partido, entre elas a mulher de
Penna, Patrícia Ribeiro, e um
irmão dele, Hermano Penna.
Só em fevereiro de 2005 José
Luiz Penna recebeu diárias
equivalentes a 20 dos 28 dias
daqueles mês, o que somou R$
5.000. A diária paga pelo partido custava então R$ 250.
Também estão sendo analisados pelo TSE gastos considerados pelos técnicos incompatíveis com as destinações legais
do Fundo Partidário. Exemplo:
a multa de R$ 127,69 aplicada
em Salvador, em fevereiro de
2005, a um Fiat Palio, emplacado em São Bernardo do Campo
(SP) e doado ao partido. Não foi
explicado o que o Fiat fazia em
Salvador. Era Carnaval.
O PV é um dos partidos da
base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um de seus filiados, o
cantor e compositor Gilberto
Gil, é ministro da Cultura. José
Luiz Penna, que também é
compositor, preside o partido
há quatro mandatos.
A lei do Fundo Partidário
prevê o gasto do dinheiro arrecadado na manutenção de sedes e serviços, pagamento de
empregados, propaganda, alistamento, campanhas eleitorais
e criação de instituto ou fundação de pesquisa.
(SERGIO TORRES)
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