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Casa Civil produziu dossiê, afirma ex-secretário na CPI
Depoimento de José Aparecido contradiz defesa da ministra Dilma Rousseff
Ex-funcionário da Casa Civil
declara que não alterou
planilha que detalhava
gastos do governo FHC
antes de enviá-la ao Senado
ANDREZA MATAIS
SIMONE IGLESIAS
FERNANDA ODILLA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
José Aparecido Nunes Pires,
ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil, contradisse
ontem a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao afirmar, em
depoimento na CPI dos Cartões, que o dossiê com gastos do
governo tucano foi produzido
pela Casa Civil. Ele afirmou que
recebeu a planilha de Marcelo
Veloso, seu subordinado à época, e que não fez nenhuma alteração no arquivo antes de remetê-lo por e-mail, "por engano", ao gabinete do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Em abril, depois que a Folha
obteve uma cópia do dossiê extraída diretamente dos computadores da Casa Civil, a ministra havia dito que ele era diferente do levantamento de despesas que sua equipe realizou
em fevereiro. Dilma levantou a
hipótese de montagem. Negou
a existência da coluna "observações", que destaca os beneficiados por gastos exóticos, um
dos sinais de viés político no
trabalho de sua equipe.
Aparecido contou ontem à
CPI, no entanto, que o documento foi o resultado do trabalho da força-tarefa reunida pela
Casa Civil. "Pedi para um funcionário meu [Marcelo Veloso]
que me passasse as planilhas.
Essa base de dados [em formato Excel] era trabalho inicial, e
a Casa Civil, salvo engano, iria
migrar para o Suprim [banco
de dados do governo]. Abri a
planilha, achei que era modelo
bom, aperfeiçoado", disse Aparecido. Ele relatou que recebeu
o arquivo por meio de um pen
drive que foi conectado ao seu
computador para que pudesse
baixar os dados.
Sobre o conteúdo político do
material, Aparecido esquivou-se. "Não vi detalhes, não fiz
análise criteriosa", disse.
Indiciado pela Polícia Federal por quebra de sigilo funcional, o ex-secretário afirmou
que não tem memória nem
consciência de ter mandado o
documento. "O e-mail é de minha autoria e minha intenção
era encaminhar um arquivo do
Word. Esse do Excel foi um erro humano. Não enviei induzido por qualquer motivação. Se
tivesse a intenção de passar esses dados, o faria por CD, disquete, papel ou pen drive."
Questionado pela base aliada
por que mandou o documento
para um senador da oposição,
Aparecido disse que não sabia
que André Fernandes, para
quem o e-mail foi enviado, trabalhava com Álvaro Dias.
Ele evitou citar a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, e envolveu Norberto
Temóteo Queiroz, secretário
de Administração, no episódio.
Disse que, a pedido dele, cedeu
dois funcionários para ajudar
na elaboração do banco de dados e que foi avisado que o material teria relação com a CPI.
"Quando fui chamado à sala do
dr. Norberto, ele me disse que
provavelmente seria chamada
uma CPI e o escopo seriam dados a partir de 1998. Ao que me
consta, se organizaria um banco de dados da Casa Civil."
Álvaro Dias perguntou a
quem, hierarquicamente, Temóteo é subordinado. Precisou
insistir para que Aparecido nominasse Erenice. "A chefe é a
secretária-executiva da Casa
Civil", disse. "E quem é essa
pessoa?", questionou Dias.
"Erenice Guerra", respondeu.
O ex-secretário confirmou
que esteve no Clube Naval em
almoço com André Fernandes
e outras duas pessoas após a revista "Veja" ter publicado que a
Casa Civil havia montado um
dossiê com gastos do governo
passado. Ele disse não lembrar
o que foi conversado e quem
estava presente. Citou apenas
Nélio Lacerda Wanderlei.
Também estava presente Marco Polo Simões, assessor do
TCU cedido ao Senado.
Depois de dizer que não lembrava da conversa mantida,
Aparecido disse que André estava "apavorado" e que pressionou para que ele falasse com a
imprensa. Aparecido negou
que tenha feito comentário sobre participação de Dilma e
Erenice e que não deu detalhes
sobre o trabalho que estava
sendo feito na Casa Civil.
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