São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2008

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Assessor de tucano aponta Erenice como responsável por dossiê

André Fernandes afirmou que e-mail enviado por ex-funcionário da Casa Civil foi tentativa de intimidar o PSDB para evitar CPI

José Aparecido negou que tenha acusado braço direito de Dilma; pode haver acareação hoje, quando a comissão será retomada


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) André Eduardo da Silva Fernandes apontou, em depoimento à CPI dos Cartões, a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, como a responsável pela confecção do dossiê anti-FHC.
Ele confirmou ontem que recebeu a informação de José Aparecido Nunes durante almoço no Clube Naval, no qual o ex-secretário de Controle Interno da pasta teria dado detalhes do trabalho. Aparecido negou. Os dois podem participar de acareação hoje, quando a reunião da CPI será retomada.
"No almoço eu queria saber se ele tinha vazado o dossiê. Foi quando ele contou como foi feito. Ele estava transtornado com a coisa e só falava: foi a Erenice que preparou um banco de dados seletivo", afirmou. Aparecido teria dito ainda que Maria de Soledad Castrillo, da Diretoria de Recursos Logísticos da pasta, foi quem coordenou a compilação de dados.
André Fernandes negou ter gravado o encontro no Clube Naval, mas não descartou a existência da gravação. A Folha apurou que a conversa foi gravada em um telefone celular. André estava disposto a revelar o conteúdo numa sessão secreta que acabou rejeitada, por 12 votos a 7, pelos integrantes da CPI. A negativa de André sobre a gravação deve-se ao fato de ele não ter mencionado a existência dela à Polícia Federal. Ele disse a pessoas próximas que usará o registro "num momento oportuno".
À PF André disse que, além de Aparecido, participou do almoço Nélio Lacerda Wanderlei. Ontem, revelou que o funcionário do TCU (Tribunal de Contas da União) cedido ao Senado, Marco Polo Simões, também estava presente.
Para André Fernandes, o e-mail com gastos exóticos do governo Fernando Henrique Cardoso foi uma forma de intimidá-lo e também ao PSDB, para evitar a instalação da CPI. "Para mim, foi uma intimidação. Ele tentou me usar como peão duas vezes", disse.
Em 2004, segundo o assessor de Álvaro Dias, Aparecido lhe procurou durante a CPI do Banestado. Na época, André assessorava outro tucano, Antero Paes de Barros. Aparecido teria pedido que abandonasse Paes de Barros e se mudasse para o lado mais forte, o do PT.
Nesse momento, a amizade que começou em 1991 foi rompida, de acordo com André. A reaproximação foi em 2006 porque ele disse ter "um coração de manteiga". Ao contrário de Aparecido, André foi muito criticado na CPI. "Seu caráter é também de manteiga?", ironizou Paulo Teixeira (PT-SP).
André contou que enviou um e-mail para dez amigos, entre eles Aparecido, em 19 de fevereiro com charges sobre corrupção. Aparecido respondeu convidando-o para almoçar. No dia 20, André respondeu que telefonaria e, em seguida, recebeu uma mensagem com dois arquivos anexados, sendo um deles o dossiê.
Além da montagem do dossiê, André revelou que o ex-funcionário da Casa Civil lhe fez outras denúncias sobre Erenice. Ele queria apresentar acusações na sessão secreta rejeitada. "São fatos que não têm conexão direta com o dossiê. (...) Pode ser só fofoca."


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