São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Lula ataca gestão FHC ao rebater críticas

Presidente responde a Alckmin, que chamou de burrice pagamento de dívida com FMI, e diz que país não tem de depender de favor

Petista recorre ao futebol e se compara a Ronaldinho Gaúcho, afirmando que faz política como o atacante joga bola: com alegria


MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARAUCÁRIA (PR)

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PASSO FUNDO (RS)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva devolveu as críticas do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin -que chamou de "burrice" a decisão de pagar a dívida do país com o FMI-, tratando de desqualificar os governos do antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, sem citar nomes.
"Eu me lembro que, quando ganhei as eleições, o Brasil era obrigado a vender dólar para baratear o dólar. Hoje compramos para encarecer um pouco o dólar. O Brasil vivia com seu ministro da Fazenda correndo para Washington todo final de ano para poder fechar as contas com o FMI. Hoje não pagamos, devolvemos ao FMI US$ 15,6 bilhões que estavam ali [parados], sobre os quais a gente estava pagando juros", disse Lula.
"Não queremos o FMI, não queremos mais o Clube de Paris, ou seja, só queremos dizer ao mundo uma coisa que todo mundo gosta de dizer: o Brasil é uma nação grande e não temos que depender de favor."
A declaração rendeu aplausos dos cerca de 1.500 petroleiros, dirigentes do PT e outros convidados no lançamento de testes do H-Bio, um novo combustível da Petrobras, na Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas), em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.
O presidente reagiu à ameaça da oposição de questionar na Justiça suas viagens pelo país durante a campanha dizendo que os adversários querem é que ele fique em casa. "A vida de um presidente da República que governa um país de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados é viajar o país. Viajava o país antes [de assumir o governo], durante, vou continuar viajando agora, que sou presidente, e depois, no dia em que não for mais presidente."
Quando falava do futuro dos projetos de energia alternativa de petróleo, Lula fez comentários sobre quanto espera viver. Disse que está com 60 anos e tem, "geneticamente", expectativa de mais dez, 15 ou 20 anos de vida. "Sei lá, também se for para ficar carcomido, não interessa. Só se eu estiver bem, assim [como agora]."
Para dizer que as realizações de seu governo conduzem o país a um novo patamar, Lula recorreu ao futebol. "Nunca vi um povo mais exigente que nós. Nossa seleção ganhou de um a zero, de dois a zero, mas não nos contentamos. (...) Digo que sou daqueles que acham que, mesmo que for de um a zero, é importante até chegar à final".
Em Passo Fundo (287 km de Porto Alegre), onde esteve após deixar o Paraná, Lula se comparou ao jogador Ronaldinho Gaúcho. Após dizer que o país vive um "momento excepcional", fez referência indireta à oposição, afirmando que "tem gente nervosa pelo Brasil afora, tem gente que está brava". E se comparou ao craque: "Nestas alturas, estou fazendo política como o Ronaldinho Gaúcho joga bola: com alegria. Até porque estou nisso porque quero."
Lula foi a Passo Fundo lançar a pedra fundamental da primeira indústria de biodiesel do Sul. Antes de chegar ao local, enfrentou dois protestos: um no aeroporto, de produtores rurais; outro no acesso ao distrito industrial, de militantes do PSOL e do PSTU.


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