São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2006

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PF pede indiciamento de 115 por depredação da Câmara

Acusações a militantes do MLST são formação de quadrilha e danos ao patrimônio

Ministério Público decide se denuncia ou não sem-terra; se condenados, militantes do MLST podem pegar até 15 anos de prisão


ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal pediu ontem o indiciamento de outros 73 integrantes do MLST (Movimento para Libertação dos Sem-Terra), além dos 42 que já estão presos na penitenciária da Papuda, em Brasília. A PF concluiu ontem a primeira fase da investigação sobre a invasão da Câmara dos Deputados comandada no último dia 6 junho e enviou o relatório do inquérito policial à Justiça.
Ao todo, 115 militantes são acusados pela PF de praticar os crimes de corrupção de menores, dano ao patrimônio público, lesões corporais graves e leves, além de formação de quadrilha. Somadas, as penas podem chegar a 15 anos de prisão.
Entre os presos está Bruno Maranhão, líder máximo do MLST. Ele nega ter participado da invasão. Segundo a PF, existem imagens nas quais o militante, no Salão Verde da Câmara, pede que seus liderados se mantenham no local.
"A participação dele é efetiva. Ele não precisa aparecer quebrando nada", afirmou o delegado Valmir Oliveira, que conduz a investigação juntamente com os colegas Gustavo Santana e Carlos Henrique Barboza.
Os 42 militantes que já estão presos também tiveram ontem a prisão preventiva feita. Quanto às razões que justificam o pedido, o delegado Oliveira afirmou que uma eventual liberação dos presos pode gerar risco para a ordem pública ou mesmo prejudicar o levantamento de dados necessários para embasar um eventual processo.
Os nomes de novos envolvidos na invasão surgiram de uma lista que registra a presença de 96 integrantes do MLST em uma reunião realizada para organizar a invasão. O encontro aconteceu em instalações pertencentes à Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), em Brasília, na véspera da invasão.
Conforme a investigação, a reunião foi organizada pelo casal Gladis Rossi e Joaquim Ribeiro, que é secretário nacional do MLST. A PF afirma ter tentado ouvir Gladis, em contato intermediado por advogados. Mas ela não compareceu. Conforme a PF, Gladis disse que seu marido está desaparecido desde a invasão da Câmara.
Imagens da reunião revelam que o grupo estava preparado para usar violência na invasão.
Para a PF, ainda há fatos relacionados ao MLST a investigar, como o uso que faz de recursos que recebe de órgãos federais. Caberá ao Ministério Público Federal decidir se denuncia os acusados neste momento ou se pede novas diligências à PF para ampliar a investigação.


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