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Comprador de gado de Renan diz que recebe salário mínimo
DA ENVIADA A MACEIÓ
DA REPORTAGEM LOCAL
Registrado como um dos
compradores do gado do presidente do Senado, Renan Calheiros, Francisco das Chagas
Marques de Silva, 47 anos, é
funcionário de uma escola municipal da cidade de União dos
Palmares (AL), vizinha do município de Murici (AL), e disse
que recebe um salário mínimo
por mês. "Uns quatrocentos e
poucos reais", disse Silva.
Segundo recibo apresentado
por Renan, ele pagou R$ 15.480
na compra de 276,45 arrobas de
boi, em abril de 2004. "Naquela
época, eu mexia muito com gado. Mas o negócio é muito melindroso", disse ele.
O município de União dos
Palmares é reduto do ex-governador Manoel Gomes de Barros, o "Mano", aliado de Renan.
Ontem, o ex-governador e também grande pecuarista disse
que é injusto afirmar que as
vendas declaradas por Renan
são incompatíveis com sua produção. "Conheço o rebanho dele", disse "Mano".
Outro comprador de Renan
que tem laços com o ex-governador é Brunno Leonardo Veiga Lopes, de 21 anos. Seu pai,
José Cícero, era amigo do ex-governador, além de conhecer
Renan. Nos documentos apresentados por Renan, ele aparece como comprador de cerca de
R$ 55,6 mil em gado. Procurado ontem pela Folha, Brunno
demorou um pouco antes de
confirmar que comprara gado
de Renan.
Brunno disse que compra o
gado de Renan ainda jovem para engorda. "Aí, eu revendo para o abate", afirmou ele, sem
saber que contrariava a versão
segundo a qual Renan não produz gado, apenas compra os bezerros para engorda.
A exemplo de outros compradores procurados ontem
pela Folha, Brunno confirmava a compra mas não sabia detalhes sobre os negócios. Morador de um loteamento na modesta Ilha de Santa Rita, Cristiano Santos Duarte, de 30
anos, também repetiu desconhecer os detalhes das operações com Renan, afirmando
ainda ignorar quanto ele mesmo movimenta por mês com
seu trabalho: compra e venda
de bois para o abate. De origem
humilde - sua mãe ainda vive
numa pequena casa de Maceió
- ele aparece como comprador
de mais de R$ 152 mil.
"Esse recibo é meu?", perguntou ao ver um dos documentos. "A última vez que
comprei gado do senador foi há
um mês", disse.
(CATIA SEABRA E RUBENS VALENTE)
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