São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Operação bandeirante

Sob o discreto nome de Oficina Regional de Gestão, o governo federal tem realizado uma vez por mês em São Paulo uma espécie de "ação global" para apresentar projetos de seus ministérios a prefeitos, lideranças políticas e empresários de cidades estratégicas. A caravana é exclusiva do Estado administrado por José Serra (PSDB), líder nas pesquisas para presidente.
Na sexta-feira, em Guarulhos, três ministros estavam presentes. Havia estandes de dez pastas, além do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES -que patrocinam o evento. O sucesso de público empolgou os palacianos: 1.500 pessoas, sendo 73 prefeitos. Até Gilberto Kassab (DEM), serrista número um, prestigiou o road show do governo Lula.




Casa própria. Dada sua importância estratégica para a candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, o pacote de habitação do governo ganhou na praça o apelido de "Minha Casa, Minha Dilma".

Termômetro 1. Segundo pesquisa realizada pelo Ipesp no Estado de São Paulo, 80% consideram a eventual candidatura de José Serra a presidente "boa para o Brasil", e 20%, "ruim". Na opinião de 83%, a entrada do governador na disputa pelo Planalto seria "boa para São Paulo"; 17% acham que seria "ruim".

Termômetro 2. Ainda de acordo com o levantamento, feito por telefone em 9 e 10 de junho, 71% concordam com Serra quando o tucano diz que é cedo para tratar de campanha; 29% julgam que ele deveria se declarar candidato já.

Termômetro 3. Também foi perguntado aos entrevistados se a lei deveria permitir "a reeleição ilimitada do presidente" (26% disseram que sim) ou "apenas uma vez" (64% escolheram esta opção).

Blogueiro. Empolgado com a repercussão do blog da Petrobras, Lula mandou apressar o seu. Os idealizadores tomam cuidado para não ferir o princípio da impessoalidade, mas o presidente estará em todo canto, a começar pela seção semanal de vídeo em que responderá perguntas dos internautas. Para completar, Lula irá a um fórum sobre software livre na sexta em Porto Alegre. Com Dilma.

Procuração. Senadores que passaram pela Mesa Diretora na última década agora contam que, muitas vezes, foram abordados individualmente por Agaciel Maia para assinar decisões que, a rigor, deveriam ter sido tomadas pelo colegiado. "Pressa" era o argumento habitualmente apresentado pelo diretor-geral.

No pacote. Outra história ouvida repetidas vezes: senadores recém-chegados à Casa recebiam de Agaciel uma indicação para a chefia de gabinete. Ai de quem recusasse o nome "sugerido".

Ilha... Pelos contratos em vigor no Senado, terceirizados chegam a receber o triplo da remuneração de mercado. Um supervisor de segurança ganha R$ 5.500. O piso estabelecido em convenção da categoria é de R$ 1.500.

...da fantasia. Há funcionários que recebem de mais de uma empresa prestadora de serviços ao Senado.

Luzes, câmera. O pente-fino na folha de pagamentos, uma das várias investigações em curso, deve detectar que 36 fantasmas já apontados na TV Senado continuam recebendo salários normalmente. Twitando... Em "respeito" a "eleitores e seguidores", Delcídio Amaral (PT-MS) explicou no Twitter o fato de ter empregado uma sobrinha de José Sarney (PMDB-AP).

... na crise. Depois de repetir que apenas prestou "um favor" ao presidente do Senado, Delcídio aproveitou para alfinetar o chamado "grupo ético": "É impressionante a quantidade de santos do pau oco que apareceram para surfar na onda do oportunismo".


com VERA MAGALHÃES e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Pequenos consertos não resolvem. Pelo contrário, vão agravando a situação."

Do senador pernambucano SÉRGIO GUERRA, sobre as iniciativas anunciadas pelo presidente da Casa, José Sarney, em resposta aos escândalos; presidente do PSDB, Guerra defende a demissão do atual diretor-geral, Alexandre Gazineo.

Contraponto

Papa-tudo

No início dos anos 60, durante o último governo de Juracy Magalhães (1905-2001) na Bahia, havia um correligionário de nome Ademar, famoso no Palácio de Ondina pelo permanente esforço para ser nomeado para algum cargo. Quando surgiu uma vaga no Tribunal de Contas do Estado, ele imediatamente procurou o governador, que respondeu com o seguinte comentário:
-Ademar, estou preocupado com a saúde do papa...
-Governador, ele está doente?
-Ainda não, mas, se ele morrer, você certamente vai pedir a minha intervenção para sucedê-lo- explicou Juracy, para em seguida lhe negar a cadeira no TCE.


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