São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2006

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PAINEL

Renata Lo Prete @ - painel@uol.com.br

O Delúbio da vez

Integrantes da CPI dos Sanguessugas avaliam que o petista José Airton Cirilo não sai vivo do material apresentado pelos empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin, da Planam, que o acusam de recolher "pedágio" de até 10% para liberar recursos destinados à compra de ambulâncias na gestão de Humberto Costa no Ministério da Saúde. "Ele era o cobrador", define um parlamentar da comissão que considera "inevitáveis" a quebra dos sigilos e o depoimento de Cirilo.
Os governistas tudo farão para evitar as duas coisas. Quem conversou recentemente com Cirilo, derrotado na disputa pelo governo do Ceará em 2002 e hoje candidato a deputado, diz que ele está "descompensado". Já foram enviados emissários para acalmá-lo.

No meio. O relator da CPI, Amir Lando (PMDB-RO), resiste a incomodar o governo com medidas como a quebra do sigilo de Cirilo. Mesmo apoiando Alckmin devido a "questões estaduais", o senador se declara aliado de Lula.

Tem mais. Não é só na CPI. Também na cúpula do governo já se formou a convicção de que a lista de sanguessugas vai crescer.

Cético. "Como é que vai formar maioria para cassar alguém?", pergunta um cardeal da oposição sobre os deputados sanguessugas. "É gente demais envolvida."

Mudo 1. O empresário Aristóteles Gomes Leal Neto, da Lealmaq, empresa suspeita de ter fornecido 47 ambulâncias ao Ministério da Saúde em licitações fraudadas, recusou-se ontem a tocar no assunto. O caso da Lealmaq passa ao largo das emendas parlamentares, atingindo diretamente o Executivo.

Mudo 2. "Não tenho nada a declarar", respondeu Leal Neto às quatro perguntas feitas pela reportagem da Folha em Belo Horizonte. Em maio passado, ele foi preso na "Operação Sanguessuga" da Polícia Federal. Saiu da cadeia com um habeas-corpus, em 12 de junho.

Socorro 1. O Ministério da Justiça começa a liberar na semana que vem os R$ 100 milhões do pacote de ajuda ao sistema prisional. São 15 os Estados que já tiveram projetos aprovados pela pasta.

Socorro 2. A verba federal será usada para a abertura de 4.000 vagas em presídios. Em alguns casos, como o do Pará, o dinheiro destina-se diretamente à criação de vagas no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), mais duro.

Ativo. Lula vibrou com a fala de Rosane Beltrão, de Feliz Deserto (AL), na reunião com prefeitos anteontem: "O povo lá morre de medo que Heloísa Helena acabe com o Bolsa-Família." Atenta, a candidata do PSOL já martela em entrevistas que apóia o programa.

Apressado. Atrás de Alckmin no Sul, o presidente planeja "vistoriar" a duplicação da BR-101, em Santa Catarina, no início de agosto. A obra, antiga reivindicação da região, só fica pronta em 2008.

Malabarismo. O presidenciável do PSDB pisará em três palanques na próxima terça, em visita ao Maranhão. Recebido no aeroporto por tucanos, irá depois a reunião com Roseana Sarney (PFL). À noite, encontra o prefeito de São Luís, Tadeu Palácio (PDT).

Área VIP. O comitê central de Lula em Brasília, a ser inaugurado na segunda, tem salas exclusivas para ele e para o vice, José Alencar. Mas os dois quase não aparecerão no prédio durante a campanha.

No laço. O PT do Distrito Federal corria ontem para mobilizar sua claque nas cidades-satélite. A meta é colocar 5.000 pessoas no evento.

Passos largos. Além dos eventos à noite e das gravações que invadem a hora do almoço, Lula fará caminhadas matinais por Brasília, das 8h às 9h, em busca de votos.

Tiroteio

Mercadante cobra o PSDB por "esconder 600 cadáveres", mas o PT há quatro anos não consegue enterrar um: o de Celso Daniel. Do presidente do instituto Teotônio Vilela, SILVIO TORRES (PSDB), respondendo ao candidato petista ao governo de São Paulo, que cobrou o esclarecimento das mortes registradas durante a crise da segurança.

Contraponto

Brincando com fogo

Uma das estrelas do encontro que reuniu 75 prefeitos apoiadores da reeleição de Lula, anteontem em Brasília, foi Maria Aparecida Panisset. Filiada ao PFL, partido que faz a mais aguerrida oposição ao governo petista, a administradora de São Gonçalo, no Estado do Rio, justificou sua presença no palanque do presidente:
-Eu não poderia deixar de estar aqui depois de tudo o que o senhor fez pelo meu município!
Lula sorriu satisfeito, e não não perdeu a oportunidade de fazer piada com seus ferrenhos adversários:
-Agradeço, mas agora você tome cuidado para não brigar demais com o Cesar Maia!


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