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Empresário liga governo do PT no Piauí a sanguessugas
Dono da Planam diz ter pago propina para petista intermediar negócio de R$ 14 mi
Projeto para compra de
ambulâncias teria sido
elaborado por integrante da
quadrilha que trabalhou na
pasta da Saúde no Estado
ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Luiz Antonio
Trevisan Vedoin, suposto líder
da quadrilha dos sanguessugas,
disse em depoimento à Justiça
Federal de Mato Grosso que teria negociado a venda de ambulâncias com o governo do Piauí,
Estado governado por Wellington Dias (PT), mediante pagamento de propina ao petista
José Airton Cirilo.
Cirilo, candidato derrotado
ao governo do Ceará pelo PT
em 2002 e ex-diretor da ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres), teria recebido o dinheiro (não fica claro
quanto) da suposta negociação
no Piauí por meio de dois intermediários: José Caubi Diniz e
Raimundo Lacerda Filho, sobrinho de Cirilo.
No depoimento, Vedoin, dono da Planam -empresa que
coordenaria o esquema-, afirma que o governador Wellington Dias também teria participado das negociações para liberação do dinheiro para compra
das ambulâncias, mas não esclarece se ele teria sido beneficiado com propina.
O projeto para a compra das
ambulâncias no Piauí, no valor
de R$ 14 milhões, foi realizado,
segundo Vedoin, por Noriaque
Magalhães -um dos presos pela PF no começo de maio na
Operação Sanguessuga.
Noriaque teria trabalhado
durante 25 dias no gabinete do
secretário da Saúde do Piauí à
época, Nazareno Fonteles (PT-PI), hoje deputado federal. O
parlamentar nega.
Vedoin afirma que as assinaturas do projeto e do convênio
para a compra das ambulâncias
foram feitas no gabinete de
Wellington Dias, com presença
do empresário, de José Airton
Cirilo e de José Diniz.
Os R$ 14 milhões teriam sido
divididos em três lotes. O primeiro e o segundo foram vencidos pelas empresas GM e Rontam para compras de "ambulâncias de resgate", no valor de
R$ 4 milhões, e, para ambulâncias de remoção simples, "no
valor de R$ 3 milhões".
Segundo apurou a Folha, Vedoin disse que os R$ 7 milhões
iniciais foram empenhados e liberados pelo Orçamento da
União em 2006. O empresário
declarou ainda que o terceiro
lote, no valor de R$ 7 milhões,
não foi feito porque a quadrilha
descobriu que o esquema estava sendo investigado pela PF.
Vedoin disse que todos os pagamentos de propina foram
feitos, a pedido de Cirilo, nas
contas das duas pessoas que teriam atuado como intermediários na operação -José Diniz e
Raimundo Lacerda.
Flat
Ainda no depoimento, Vedoin citou mais quatro nomes
de pessoas que teriam recebido
dinheiro a pedido de Cirilo.
Uma empresa no nome de Raimundo Lacerda, chamada M.C
Lacerda Ltda, foi usada para fazer os pagamentos.
O empresário afirma também que, pelo menos uma vez,
fez o pagamento de propina em
dinheiro vivo. Segundo ele,
R$ 35 mil foram entregues pessoalmente a José Diniz, em fevereiro de 2005.
Vedoin também disse que
pagou passagens aéreas e diárias para Lacerda, Diniz e Cirilo
por intermédio da empresa Aeroway Viagens e Turismo.
Por fim, o empresário afirmou que no segundo semestre
de 2004 emprestou o seu flat
localizado no Mélia Brasília
Hotel para Cirilo morar. No depoimento, Vedoin disse que o
número do apartamento é 601.
A Folha apurou com três integrantes da CPI dos Sanguessugas que o esquema no Piauí
seria similar ao que Cirilo teria
implementado para liberar
verbas do Ministério da Saúde,
então comandado pelo petista
Humberto Costa, hoje candidato ao governo de Pernambuco, para que prefeitos adquirissem 130 ambulâncias em 2003.
Esse esquema também foi
revelado por Vedoin.
A Secretaria de Saúde do
Piauí negou quaisquer irregularidades na compra de ambulâncias pelo governo do Estado
(leia texto nesta página).
A máfia dos sanguessugas
veio à tona por meio de operação da PF deflagrada em maio.
O Ministério Público Federal
investiga 56 deputados e um
senador, mas a CPI diz que devem passar de cem os congressistas envolvidos no esquema.
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