São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Pós-ACM

Como fenômeno político, o carlismo acabou com a morte de seu líder, avaliam aliados e adversários. Mas, a despeito das fissuras internas, o instinto de sobrevivência deve unir o grupo mais ligado ao senador ao do ex-governador Paulo Souto, agora dono da bola no DEM baiano. Alijados do poder no Estado, os ex-pefelistas só têm chance de se firmar como alternativa ao PT de Jaques Wagner se estancarem a debandada de deputados, prefeitos e vereadores.
Um esboço de acordo foi traçado ao longo das semanas de agonia de ACM. Em três reuniões, Souto loteou espaços nos diretórios municipais. O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, acompanha a partilha na tentativa de evitar que a sigla se esfacele na Bahia.



Magoei. Um dos carlistas mais insatisfeitos hoje é o senador Cesar Borges, que se queixa de falta de espaço no projeto de Paulo Souto. A cúpula do DEM quer convencer Souto a garantir a Borges uma das vagas para disputar novamente o Senado em 2010, a fim de mantê-lo no partido.

Mercado. O PT avalia que o governo Jaques Wagner vai absorver parte do espólio carlista por meio de aliados como o PR e teme perder cargos nessa operação. Até agora, porém, o PMDB de Geddel Vieira Lima tem sido mais eficiente na incorporação de ex-pefelistas a seus quadros.

Página virada. De Geddel, ministro da Integração Nacional e adversário histórico, sobre o futuro do carlismo: "O jeito de fazer política de Antonio Carlos morre com ele. De agora em diante, as forças na Bahia vão se entender e se desentender de uma maneira mais normal".

Professor. Quem conhece Marco Aurélio Gracia de longa data observa que a nota divulgada ontem, em resposta ao flagrante da cena em que festejou com um gesto obsceno a descoberta de defeito no avião da TAM, é a cara do assessor de Lula: cinco parágrafos para dar lições à imprensa e somente no final uma frase de retratação, mesmo assim "de lado": "Aos que possam, ainda assim, sentir-se atingidos por minha atitude, apresento minhas desculpas".

Na moita. O PT não se manifestou oficialmente sobre o gesto de Marco Aurélio, que integra a direção nacional da sigla. Limitou-se a divulgar em seu site a nota do assessor presidencial. Instado a falar sobre o tema, o secretário de Comunicação do partido, Gleber Naime, disse: "Ele tem nossa solidariedade".

A pé. Vice-presidente da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediu um avião à FAB para levar os deputados a São Carlos a fim de inspecionar o setor de manutenção da TAM. Ouviu um sonoro não da Aeronáutica, que alegou não ter aeronaves à mão.

Inócuo. Membros da CPI temem situações constrangedoras na diligência à cidade do interior paulista. "O que vamos fazer lá? Não entendemos nada de turbina", reclama Vic Pires (DEM-PA).

Escala. A CPI decidiu aproveitar viagem de Efraim Filho (DEM-PB) aos EUA para enviá-lo a Washington, onde representará a oposição no acompanhamento da abertura da caixa-preta do Airbus da TAM. Ele estava em Dallas em evento da juventude do Partido Democrata americano.

Sem fim 1. Os problemas em Congonhas ontem deixaram os deputados paulistas Wanderlei Macris (PSDB), Carlos Zarattini (PT) e Ivan Valente (PSOL) de fora da primeira parte da reunião da CPI em Brasília. Eles embarcaram com quatro horas de atraso.

Sem fim 2. Em Brasília, os tucanos Jutahy Júnior (BA), Eduardo Gomes (TO) e Sebastião Madeira (MA) não conseguiram voar para o Rio Grande do Sul a fim de ir ao enterro do amigo Júlio Redecker, morto no vôo da TAM.

Tiroteio

"O gesto é incompatível com a função pública e requer providências. Eu me senti ofendido."


De TIÃO VIANA (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado, sobre a comemoração de seu correligionário e assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia diante da reportagem que revelou falha mecânica no avião da TAM acidentado em Congonhas.

Contraponto

Jogral

Na véspera de uma das frustradas tentativas de aprovar a reforma política antes do recesso parlamentar, o deputado Flávio Dino (PC do B-MA), responsável pelas adaptações no texto original do projeto, encontrou o colega Miro Teixeira (PDT-RJ), que trabalhava com empenho para barrar toda e qualquer alteração no sistema eleitoral.
-E amanhã, Miro, como vai ser?
O pedetista fez graça cantarolando trecho de uma famosa canção de Chico Buarque:
-Amanhã há de ser outro dia...
Dino respondeu com o verso anterior da letra:
-Apesar de você!


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