LÉO GERCHMANN
em São Paulo

Os parentes de desaparecidos argentinos no Brasil depois de 1980, que tentam obter indenização mediante a ampliação da Lei 9140/95, manifestaram ontem, para a Folha, "entusiasmo" com a posse do novo ministro da Justiça brasileiro, José Carlos Dias.
"Estou com as esperanças renovadas", disse a argentina Claudia Allegrini, mulher do peronista Lorenzo Ismael Viñas, que desapareceu no dia 26 de junho de 1980, em Uruguaiana (RS).
No último dia 14, Allegrini e os parentes de outros desaparecidos nas mesmas circunstâncias enviaram cartas ao presidente Fernando Henrique Cardoso, ao secretário de Direitos Humanos, José Gregori e ao então ministro da Justiça, Renan Calheiros.
Na carta, à qual a Folha teve acesso, os argentinos cobram uma atitude do governo, lembrando que, em fevereiro de 1998, a indenização havia sido prometida. "Para vocês é mais uma promessa não cumprida. Para nós, é uma atitude de falta de respeito", diz a carta. Agora, as "esperanças renovadas" se devem ao contato com o presidente do MJDH (Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul), Jair Krischke, espécie de representante brasileiro dos argentinos.
Ao dimensionar a importância do novo ministro, o presidente do MJDH usa como exemplo discurso realizado por ele em março de 1979, na fundação do MJDH. Dias falara sobre sobre "a estrutura de dominação no Brasil".
"A indicação de Dias é uma das melhores notícias surgidas nos últimos anos", disse Krischke. Segundo a Lei 9.140/95, há indenizações quando o desaparecimento ocorreu até 1979. O regime militar, porém, estendeu-se até 1985.


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