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JANIO DE FREITAS
O custo da apatia
O ponto extremo da desarticulação a que chegaram os
brasileiros em geral -particularmente os assalariados, funcionários civis e aposentados-
está bem demonstrado no
alheamento absoluto diante de
uma questão a que, com justos
motivos, todos foram sempre
muito sensíveis: o início de votação no Congresso de novo aumento do Imposto de Renda,
que neste governo já subiu mais
do que em qualquer outro.
Nos últimos cinco anos, a arrecadação do IR, em número redondo, é de 70%. A inflação, no
mesmo período, é de 36%, e os
salários, que são os maiores pagadores do imposto, praticamente não tiveram correção. Só
por aí já se percebe o peso do aumento de IR que caiu sobre o
contribuinte.
Não só, porém, o contribuinte
de sempre, convencional e explicavelmente partícipe do Tesouro Nacional, embora aqui não
receba as contrapartidas que lhe
são devidas. No atual governo,
quem ganha cinco salários mínimos está pagando Imposto de
Renda. Repito: de Renda. Imposto de Renda sobre miseráveis
R$ 900. Isso é caso único.
Com o expediente de não aplicar a correção das alíquotas, Pedro Malan/Fernando Henrique
têm aumentado, de um ano para outro, o Imposto de Renda de
seis milhões de contribuintes.
Estão querendo do Congresso,
agora, o aumento explícito de
certas alíquotas, com peso
maior sobre os assalariados de
R$ 4 mil para baixo. Ou seja,
querem onerar ainda mais a
maioria dos que, se aplicada a
devida correção das alíquotas,
estariam isentos do imposto.
Estória
Relatório da Delegacia de Repressão a Entorpecentes fluminense, obtido pelo repórter Renato Garcia, faz revelações sensacionais. Por exemplo: no Estado entram a cada mês dois carregamentos, de três toneladas
cada, de pasta de cocaína, que
se transformam em 18 toneladas
de droga. As quais são vendidas
em três mil pontos.
Convenhamos: é saber muito,
para quem prende tão pouco, e
só varejista miúdo, favelado que
não faz a importação nem conduz nas costas as tais seis toneladas de pasta.
A obra-prima
As obras completas do presidente-sociólogo merecem a iniciativa editorial de um acréscimo, ao fim do mandato: o Livrinho Vermelho das Gafes de Fernando Henrique. A mais recente nada deve às anteriores, vale
a pena transcrevê-la.
Em apoio à espera argentina
de ajuda dos EUA, Fernando
Henrique disse ao repórteres, no
Chile, com o ar suficiente de
sempre: "Os Estados Unidos sabem da situação, que é uma situação facilmente irreversível".
O livrinho seria best-seller na
certa.
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