São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2001

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JANIO DE FREITAS

O custo da apatia

O ponto extremo da desarticulação a que chegaram os brasileiros em geral -particularmente os assalariados, funcionários civis e aposentados- está bem demonstrado no alheamento absoluto diante de uma questão a que, com justos motivos, todos foram sempre muito sensíveis: o início de votação no Congresso de novo aumento do Imposto de Renda, que neste governo já subiu mais do que em qualquer outro.
Nos últimos cinco anos, a arrecadação do IR, em número redondo, é de 70%. A inflação, no mesmo período, é de 36%, e os salários, que são os maiores pagadores do imposto, praticamente não tiveram correção. Só por aí já se percebe o peso do aumento de IR que caiu sobre o contribuinte.
Não só, porém, o contribuinte de sempre, convencional e explicavelmente partícipe do Tesouro Nacional, embora aqui não receba as contrapartidas que lhe são devidas. No atual governo, quem ganha cinco salários mínimos está pagando Imposto de Renda. Repito: de Renda. Imposto de Renda sobre miseráveis R$ 900. Isso é caso único.
Com o expediente de não aplicar a correção das alíquotas, Pedro Malan/Fernando Henrique têm aumentado, de um ano para outro, o Imposto de Renda de seis milhões de contribuintes. Estão querendo do Congresso, agora, o aumento explícito de certas alíquotas, com peso maior sobre os assalariados de R$ 4 mil para baixo. Ou seja, querem onerar ainda mais a maioria dos que, se aplicada a devida correção das alíquotas, estariam isentos do imposto.

Estória
Relatório da Delegacia de Repressão a Entorpecentes fluminense, obtido pelo repórter Renato Garcia, faz revelações sensacionais. Por exemplo: no Estado entram a cada mês dois carregamentos, de três toneladas cada, de pasta de cocaína, que se transformam em 18 toneladas de droga. As quais são vendidas em três mil pontos.
Convenhamos: é saber muito, para quem prende tão pouco, e só varejista miúdo, favelado que não faz a importação nem conduz nas costas as tais seis toneladas de pasta.

A obra-prima
As obras completas do presidente-sociólogo merecem a iniciativa editorial de um acréscimo, ao fim do mandato: o Livrinho Vermelho das Gafes de Fernando Henrique. A mais recente nada deve às anteriores, vale a pena transcrevê-la.
Em apoio à espera argentina de ajuda dos EUA, Fernando Henrique disse ao repórteres, no Chile, com o ar suficiente de sempre: "Os Estados Unidos sabem da situação, que é uma situação facilmente irreversível".
O livrinho seria best-seller na certa.


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