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SENADOR SOB PRESSÃO
Presidente do Congresso pretende paralisar atividades do Legislativo para preservar seu mandato
Jader aposta em impasse para se salvar
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia do presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho
(PMDB-PA), para tentar salvar o
mandato é levar o Congresso ao
impasse, paralisando atividades e
prolongando o clima de constrangimento no Legislativo federal.
Em conversas reservadas, Jader
avalia que não há nova acusação
ou fato político que possam desgastar mais a sua imagem. Por isso, pretende resistir.
Ou seja, esperar o final da licença de 60 dias da presidência do Senado -que vencem em 18 de setembro- para pedir outro afastamento e apelar a argumentos
jurídicos para tentar uma saída
honrosa: salvar o mandato.
"O constrangimento deixou de
ser meu e passou a ser da República. Perdi a pressa", tem dito Jader
a amigos.
Um exemplo de "constrangimento": os parlamentares não
conseguem fazer sessões do Congresso porque Câmara e Senado
lutam pela condução dos trabalhos. Sem Jader, não se sabe se a
presidência das sessões cabe a um
deputado ou a um senador.
Ontem, o deputado Almir Sá
(PPB-RR) pediu o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. O relator
será o ministro Nelson Jobim.
Parte da cúpula nacional do
PMDB apóia a estratégia de Jader.
Dirigentes do partido têm dito
que não permitirão a expulsão do
senador da legenda nem entregarão facilmente a cabeça dele ao
PFL e à oposição.
O governo e a cúpula peemedebista queriam que Jader se licenciasse e renunciasse ao mandato,
mas concluíram que é dificílimo
convencê-lo. Como temem que
ele dê a assinatura que falta à CPI
da corrupção no Senado, o que
poderia reabrir investigações incômodas para o Palácio do Planalto, resolveram não incomodá-lo. Não o defenderão, mas evitarão prejudicá-lo.
Desconfiança
Jader resolveu endurecer depois
que foi descumprido o acordo pelo qual ele se licenciaria da presidência do Senado e, em troca,
seus processos seriam encaminhados ao Judiciário e não ao
Conselho de Ética, onde o julgamento é político e sumário.
No entanto, a pressão da opinião pública, do PFL e da oposição fez com que as denúncias fossem investigadas também no Senado. Desconfiado, Jader supõe
que novo acordo desse tipo é difícil de ser feito e cumprido.
Restou a Jader e seus advogados
tentar tirar proveito de um parecer da senadora Heloísa Helena
(PT-AL) a respeito do colega Luiz
Otávio (sem partido-PR). Helena
considerou que um suposto crime de Otávio foi cometido antes
do exercício do mandato, o que
impediria a sua cassação.
Jader quer que esse parecer sirva de jurisprudência para o caso
Banpará, que contém a mais grave acusação contra ele. O suposto
crime de desvio de recursos teria
sido cometido nos anos 80 -antes de 95, quando começou seu
mandato de senador.
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