|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAMPANHA
"PT se revelou aberto ao diálogo", afirma Gabriel Jorge Ferreira
Banqueiros elogiam Lula após encontro na Febraban
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Bastaram duas horas de conversa a portas fechadas para que o
candidato do PT à Presidência,
Luiz Inácio Lula da Silva, arrancasse elogios públicos da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). Foi a primeira vez que o petista encontrou-se com banqueiros.
"A apresentação do Lula e suas
respostas nos surpreenderam de
maneira agradável", disse o presidente da Febraban, Gabriel Jorge
Ferreira, 77. Outros banqueiros,
que preferiram não se identificar,
concordaram. "Ele se superou. Se
houvesse aqui, hoje, uma eleição
entre ele e o Ciro [Gomes, candidato da Frente Trabalhista], o Lula levava", declarou o representante de um banco estrangeiro.
Para Ferreira, que falou em nome da entidade, Lula apresentou
"um discurso franco, construtivo,
aberto, demonstrando maturidade e desprendimento para falar de
temas sem constrangimentos".
O que mais chamou a atenção
dos banqueiros foi a "disposição
para o diálogo". "O PT se revelou
extremamente aberto ao diálogo
para discutir todos os temas que
interessam ao setor financeiro e
ao país." Segundo o presidente da
Febraban, o partido manifestou
interesse em "não fazer nenhuma
loucura ou adotar medidas que
causem impacto negativo no sistema financeiro e na economia".
As relações entre Lula e a Febraban nem sempre foram boas. Em
1994, por exemplo, ele disse que a
entidade, então aliada a Fernando
Henrique Cardoso, representava
um dos setores mais retrógrados
da sociedade brasileira.
Ontem, depois do encontro, Lula parecia ter esquecido a crítica.
"Para mim, essas reuniões [com
empresários e banqueiros, por
exemplo] são importantes porque o PT consegue se apresentar
com cara própria", disse o petista.
"É importante que as pessoas não
avaliem o PT pelo que dizem de
nós, mas por nós mesmos."
Ele disse que o partido "tem
programa [de governo] e leva em
conta todo segmento da sociedade, do fazendeiro ao sem-terra, do
trabalhador ao banqueiro".
Lula disse que sua intenção é
"estabelecer uma relação pela
qual o sistema financeiro possa
contribuir mais com a produção".
Ele propôs a formação de um
grupo de trabalho, com representantes dos banqueiros e do PT,
para discutir propostas de mudanças para o setor financeiro.
Juros
O economista e deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP),
que participou da reunião juntamente com Lula e Guido Mantega, principal assessor econômico
do PT, além de outros petistas,
disse que o encontro abordou,
principalmente, três pontos: aumento de volume de crédito para
o país, crédito para o consumidor,
principalmente financiamento
imobiliário, e queda na taxa de juros de maneira sustentável.
Também foram discutidos temas como reforma tributária e
previdenciária. "Tivemos algumas divergências sobre esse assunto, mas não foi um clima de
confronto", descreveu Mercadante. "Houve uma disposição de
diálogo de ambas as partes."
Para Mercadante, "há uma visão simplificadora imaginar que
possamos ter uma economia desenvolvida sem um sistema financeiro forte".
Texto Anterior: No Ar - Nelson de Sá: O delírio e o túmulo Próximo Texto: Frases Índice
|