São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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CAMPANHA

"PT se revelou aberto ao diálogo", afirma Gabriel Jorge Ferreira

Banqueiros elogiam Lula após encontro na Febraban

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Bastaram duas horas de conversa a portas fechadas para que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, arrancasse elogios públicos da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). Foi a primeira vez que o petista encontrou-se com banqueiros.
"A apresentação do Lula e suas respostas nos surpreenderam de maneira agradável", disse o presidente da Febraban, Gabriel Jorge Ferreira, 77. Outros banqueiros, que preferiram não se identificar, concordaram. "Ele se superou. Se houvesse aqui, hoje, uma eleição entre ele e o Ciro [Gomes, candidato da Frente Trabalhista], o Lula levava", declarou o representante de um banco estrangeiro.
Para Ferreira, que falou em nome da entidade, Lula apresentou "um discurso franco, construtivo, aberto, demonstrando maturidade e desprendimento para falar de temas sem constrangimentos".
O que mais chamou a atenção dos banqueiros foi a "disposição para o diálogo". "O PT se revelou extremamente aberto ao diálogo para discutir todos os temas que interessam ao setor financeiro e ao país." Segundo o presidente da Febraban, o partido manifestou interesse em "não fazer nenhuma loucura ou adotar medidas que causem impacto negativo no sistema financeiro e na economia".
As relações entre Lula e a Febraban nem sempre foram boas. Em 1994, por exemplo, ele disse que a entidade, então aliada a Fernando Henrique Cardoso, representava um dos setores mais retrógrados da sociedade brasileira.
Ontem, depois do encontro, Lula parecia ter esquecido a crítica. "Para mim, essas reuniões [com empresários e banqueiros, por exemplo] são importantes porque o PT consegue se apresentar com cara própria", disse o petista. "É importante que as pessoas não avaliem o PT pelo que dizem de nós, mas por nós mesmos."
Ele disse que o partido "tem programa [de governo] e leva em conta todo segmento da sociedade, do fazendeiro ao sem-terra, do trabalhador ao banqueiro".
Lula disse que sua intenção é "estabelecer uma relação pela qual o sistema financeiro possa contribuir mais com a produção".
Ele propôs a formação de um grupo de trabalho, com representantes dos banqueiros e do PT, para discutir propostas de mudanças para o setor financeiro.

Juros
O economista e deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP), que participou da reunião juntamente com Lula e Guido Mantega, principal assessor econômico do PT, além de outros petistas, disse que o encontro abordou, principalmente, três pontos: aumento de volume de crédito para o país, crédito para o consumidor, principalmente financiamento imobiliário, e queda na taxa de juros de maneira sustentável.
Também foram discutidos temas como reforma tributária e previdenciária. "Tivemos algumas divergências sobre esse assunto, mas não foi um clima de confronto", descreveu Mercadante. "Houve uma disposição de diálogo de ambas as partes."
Para Mercadante, "há uma visão simplificadora imaginar que possamos ter uma economia desenvolvida sem um sistema financeiro forte".



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