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NO AR
O delírio e o túmulo
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
O que não faltou ontem foi
opinião sobre a estréia da
propaganda. O mais definitivo
-do alto de sua experiência-
foi Boris Casoy:
- Um monólogo chatérrimo,
com apelo emocional. É o delírio
dos marqueteiros e o túmulo da
verdade.
E assim foram: monólogos
apelativos, com "conflito" entre
o candidato e seu Gugu ou sua
Patrícia Pillar. Mas é preciso
avaliar, então segue.
Duda Mendonça tomou dois
caminhos. À tarde, concentrou
fogo numa única mensagem,
emprego. Levou Lula a Angra
dos Reis para dizer que, se eleito,
as plataformas serão feitas no
país por brasileiros empregados,
e não em Singapura, como quer
a Petrobras.
À noite, ficou mostrando João
Sayad, José Alencar e vendendo
a solidez, o equilíbrio do novo
Lula. De quebra, lançou mais
um primoroso clipe/comercial,
com o sorriso aberto do petista e
a frase sedutora:
- Chegou a hora, Brasil.
Com tempo e tudo mais em
excesso, Nizan Guanaes e seus
muitos colegas marqueteiros de
José Serra foram para todo lado.
O candidato falou em emprego,
segurança pública, educação,
saúde, exportação, sem esquecer
a origem humilde.
Mas a opulência reluzente nas
imagens e mensagens, apesar do
protagonista sofrível, traziam a
marca de Guanaes.
Um clipe/comercial revelou o
poder de quem já elegeu duas
vezes o presidente. Num abuso
de superprodução, desfilaram
artistas em suas personagens
"populares", da televisão, da
Globo ao SBT. Gugu louvou a
"coragem" de Serra, que até já
"escapou da morte".
Causou impacto sobretudo à
noite, quando do lado contrário
surgiu não Patrícia Pillar, como
ocorreu no horário da tarde,
mas Ciro Gomes.
Um Ciro até falante, tratando
os brasileiros por "meus irmãos
e minhas irmãs", num eco de
"minha gente", e cercado de
imagens em verde-e-amarelo,
como aquelas que elegeram um
presidente em 89.
Mas ele tem pouco, pouco
tempo, relativamente.
Guanaes e Serra sabem que o
destino pode ser decidido esta
semana. Na estréia, lembraram
até palavrões de Ciro.
Enquanto falava a operários
de estaleiro, no horário diurno,
o confiável Lula se encontrava
com banqueiros na Febraban,
como mostrou, entre outros, o
Jornal Nacional.
Foi elogiado, segundo a CBN,
pelo "discurso extremamente
construtivo".
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