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REFORMA SOB PRESSÃO
Piva diz que existe consenso de que o projeto é ruim
Fiesp critica relatório e vê "quase uma não-reforma"
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fiesp criticou ontem o substitutivo da reforma tributária, apresentado pelo relator Virgílio Guimarães (PT-MG), dizendo que o
texto é "quase uma não-reforma"
e que abre a porta para aumentar
a carga tributária no país.
"Se não conseguirmos cercar algumas questões que foram apresentadas até agora, será melhor
não fazer nada do que fazer e aumentar o grau de fragilidade que
temos. Continuar lidando com algo muito ruim, porém aumentando a fragilidade, não me parece
adequado", disse o presidente da
entidade, Horacio Lafer Piva.
De acordo com a Fiesp, o texto
de Guimarães não simplifica o sistema atual nem desonera a produção, além de deixar para trás o
comprometimento de ampliar a
base de tributação.
"Eu estou particularmente impressionado com o consenso que
se conseguiu de que [a proposta]
é ruim", afirmou Piva.
Praticamente nenhum dos pontos do relatório escapou das críticas da entidade, que atacou também o projeto enviado pelo governo ao Congresso em abril. A
unificação da legislação do ICMS,
por exemplo, foi avaliada com um
porém: apesar de simplificar o sistema, pode criar dificuldades ao
permitir que vários Estados fiscalizem um só contribuinte. Segundo a Fiesp, há restrições no aproveitamento do crédito do ICMS, o
que pode levar os Estados a pleitearem aumento das alíquotas.
Para o coordenador do grupo
de estudos tributários da entidade, Cláudio Vaz, falta "nexo" no
relatório de Virgílio porque prevê
que o Senado decidirá quais serão
as alíquotas, mas diz que ficará a
cargo dos Estados a definição dos
produtos que se encaixarão em
cada uma das cinco faixas.
"É muito difícil acreditar que
não aumente a carga. A decisão
será de membros diretamente interessados na arrecadação", disse
Vaz. Segundo ele, há Estados que
cobram 30% de ICMS sem que
"nada os impeça" de fazer isso.
A desoneração dos investimentos em bens de capital, por exemplo, foi classificada por Vaz como
"imprecisa e incompleta". Para
ele, a incidência de contribuições
sobre importações pode trazer
perda de competitividade para o
país, já que produtos nacionais
usam componentes importados
no processo de fabricação.
"O que está aqui traz mais complexidade e risco para a indústria
que o sistema atual", disse Piva.
O presidente da entidade criticou a pressão do governo para
aprovar hoje o relatório na comissão especial da Câmara. "Querer
fazer [a reforma] de uma só vez
parece muito complicado."
Piva disse apostar no Congresso
e na capacidade de negociação do
presidente Lula para que o texto
seja alterado: "Sem consenso, nós
não vamos chegar a lugar nenhum", disse ele, para quem o
projeto foi feito pelo "pulso firme" do Ministério da Fazenda.
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