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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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REFORMA NA MARRA

Ministério da Saúde demite marido de Maninha (PT-DF), Antônio Carlos de Andrade, da diretoria da Funasa

Governo pune deputada que se absteve

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O governo começou a reação contra os deputados do PT que não votaram a favor da reforma da Previdência. Ontem, o marido da deputada Maninha (PT-DF), Antônio Carlos de Andrade, 50, foi demitido da diretoria executiva da Funasa (Fundação Nacional da Saúde). A deputada federal se absteve na votação.
Procurada para falar sobre o assunto, a assessoria da Casa Civil informou que as explicações seriam dadas pelo Ministério da Saúde. Por meio de sua assessoria, o ministério informou que "a demissão foi uma decisão de governo, seguida pela pasta, e está relacionada à votação da Previdência, quando Maninha não seguiu a orientação do governo".
Segundo Andrade, ele foi chamado no gabinete do ministro Humberto Costa (Saúde) por volta de 19h de ontem e comunicado da demissão. "De forma muito clara e objetiva o ministro Humberto Costa disse que estava falando em nome do presidente Lula. Ele disse que, diante das posições assumidas pela Maninha na votação da reforma da Previdência, estava tomando essa decisão", afirmou o ex-diretor da Funasa.
A deputada faz parte do grupo de oito parlamentares que se abstiveram na votação em primeiro turno do texto da reforma e da proposta da oposição para o pagamento de pensões integrais. Esses deputados já disseram que vão repetir o voto no segundo turno.
Servidor concursado do Ministério da Saúde, Andrade é um dos fundadores do PT, secretário-geral do partido no Distrito Federal e ex-secretário de Administração no governo Cristovam Buarque.
"Não foi o meu marido que foi demitido, ele é secretário-geral do PT, foi indicado pela direção nacional da Força Socialista, tem carreira própria", disse Maninha.
Para Andrade, o gesto foi semelhante ao de um "tribunal stalinista". "O PT está sem rumo. Só um partido sem rumo para tomar uma atitude fascista como essa. O PT não é propriedade da Articulação [tendência majoritária]."
Apesar de dizer que não foi uma decisão da legenda, o presidente do PT, José Genoino, defendeu a medida. "Não é ação do partido, mas a deputada não tem do que reclamar, ela não está fazendo oposição? E ele, como um dos fundadores do PT, tem de ter responsabilidade partidária."

Senado
Os senadores da base governista defenderam ontem, em reunião com o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, mudanças na reforma previdenciária aprovada na Câmara, sobretudo nas regras do subteto salarial para os Executivos estaduais e municipais.
O próprio presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anfitrião do encontro de Berzoini com senadores do bloco governista (PT, PSB, PTB e PL), do PMDB e do PPS, afirmou depois que a Casa ainda precisa ser "convencida" a aprovar o texto da reforma que sairá da Câmara. (FK)


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