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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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AGENDA PETISTA

Ministérios pleiteiam mais recursos; futuro relator diz que não se deve esperar "espetáculo do governo Lula"

Disputa por verba atrasa Orçamento 2004

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Disputas de verbas na Esplanada dos Ministérios impediram o fechamento da proposta de Orçamento da União para o ano que vem, faltando pouco mais de uma semana para o envio do texto ao Congresso Nacional.
Em uma apresentação a deputados e senadores que integram a Comissão Mista de Orçamento, o ministro Guido Mantega (Planejamento, Orçamento e Gestão) avisou que os gastos públicos em 2004 serão apertados.
"Sempre há disputa por verbas porque as expectativas são inferiores ao dinheiro disponível", resumiu o futuro relator da proposta, deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ). Ao final de quase três horas de reunião, Bittar disse que não se deve esperar "o espetáculo do governo Lula" no projeto que autoriza gastos para o próximo ano. Os que fizerem isso, adiantou, ficarão frustrados: "O Orçamento estará mais parecido com aquele que desejaríamos, mas ainda há fortes restrições".
O principal motivo para o aperto dos gastos em 2004 é a meta de superávit primário de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto). Para pagar uma parcela dos juros da dívida pública, a administração direta terá de economizar R$ 42,4 bilhões dos tributos arrecadados no ano que vem. As empresas estatais terão de economizar mais R$ 12,1 bilhões. Como os gastos com a Previdência Social vão crescer bastante, não sobrará muito para investir.

Estatais
Além do estímulo a investimentos privados por meio de parcerias, Bittar defendeu a liberação de investimentos com recursos próprios das empresas estatais e o fim de restrições a investimentos com os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) -itens sobre os quais falta consenso no governo federal.
Mantega não citou os nomes dos ministros que brigam por mais verbas. O mais atingido pelos cortes de gastos no Orçamento deste ano, Ciro Gomes (Integração Nacional), afirma publicamente que está satisfeito com o que o projeto lhe reserva.
Já Anderson Adauto (Transportes) deixa claro que gostaria de mais dinheiro: "Gostaria de estar numa cama larga, confortável, com lençol enorme, mas a cama é apertada, e o lençol, curto". O ministro afirmou que terá R$ 2,3 bilhões no Orçamento de 2004, dos quais serão destinados cerca de R$ 1,8 bilhão para investimentos.
A recuperação de rodovias é uma das áreas apontadas como prioritárias pelo governo no Orçamento de 2004. Outra prioridade, segundo Mantega, são os programas de transferência de renda à população mais pobre, como o Bolsa-Escola e o Bolsa-Alimentação. A previsão de gastos ultrapassa os R$ 5 bilhões no ano que vem, contra gastos estimados em R$ 4,3 bilhões neste ano.
O ministro não confirmou a previsão de gastos próxima de R$ 1 bilhão com reforma agrária em 2004, dinheiro considerado insuficiente para cumprir a meta de assentamento de 60 mil famílias neste ano e da qual pouco mais de 15% deve sair do papel: "Vamos ser criativos e, se for R$ 1 bilhão, ele vai valer o dobro, o triplo do que valia no governo anterior".


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