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AGENDA PETISTA
Ministérios pleiteiam mais recursos; futuro relator diz que não se deve esperar "espetáculo do governo Lula"
Disputa por verba atrasa Orçamento 2004
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Disputas de verbas na Esplanada dos Ministérios impediram o
fechamento da proposta de Orçamento da União para o ano que
vem, faltando pouco mais de uma
semana para o envio do texto ao
Congresso Nacional.
Em uma apresentação a deputados e senadores que integram a
Comissão Mista de Orçamento, o
ministro Guido Mantega (Planejamento, Orçamento e Gestão)
avisou que os gastos públicos em
2004 serão apertados.
"Sempre há disputa por verbas
porque as expectativas são inferiores ao dinheiro disponível", resumiu o futuro relator da proposta, deputado federal Jorge Bittar
(PT-RJ). Ao final de quase três horas de reunião, Bittar disse que
não se deve esperar "o espetáculo
do governo Lula" no projeto que
autoriza gastos para o próximo
ano. Os que fizerem isso, adiantou, ficarão frustrados: "O Orçamento estará mais parecido com
aquele que desejaríamos, mas
ainda há fortes restrições".
O principal motivo para o aperto dos gastos em 2004 é a meta de
superávit primário de 4,25% do
PIB (Produto Interno Bruto). Para pagar uma parcela dos juros da
dívida pública, a administração
direta terá de economizar R$ 42,4
bilhões dos tributos arrecadados
no ano que vem. As empresas estatais terão de economizar mais
R$ 12,1 bilhões. Como os gastos
com a Previdência Social vão
crescer bastante, não sobrará
muito para investir.
Estatais
Além do estímulo a investimentos privados por meio de parcerias, Bittar defendeu a liberação
de investimentos com recursos
próprios das empresas estatais e o
fim de restrições a investimentos
com os recursos do FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço) -itens sobre os quais falta
consenso no governo federal.
Mantega não citou os nomes
dos ministros que brigam por
mais verbas. O mais atingido pelos cortes de gastos no Orçamento
deste ano, Ciro Gomes (Integração Nacional), afirma publicamente que está satisfeito com o
que o projeto lhe reserva.
Já Anderson Adauto (Transportes) deixa claro que gostaria de
mais dinheiro: "Gostaria de estar
numa cama larga, confortável,
com lençol enorme, mas a cama é
apertada, e o lençol, curto". O ministro afirmou que terá R$ 2,3 bilhões no Orçamento de 2004, dos
quais serão destinados cerca de
R$ 1,8 bilhão para investimentos.
A recuperação de rodovias é
uma das áreas apontadas como
prioritárias pelo governo no Orçamento de 2004. Outra prioridade, segundo Mantega, são os programas de transferência de renda
à população mais pobre, como o
Bolsa-Escola e o Bolsa-Alimentação. A previsão de gastos ultrapassa os R$ 5 bilhões no ano que
vem, contra gastos estimados em
R$ 4,3 bilhões neste ano.
O ministro não confirmou a
previsão de gastos próxima de R$
1 bilhão com reforma agrária em
2004, dinheiro considerado insuficiente para cumprir a meta de
assentamento de 60 mil famílias
neste ano e da qual pouco mais de
15% deve sair do papel: "Vamos
ser criativos e, se for R$ 1 bilhão,
ele vai valer o dobro, o triplo do
que valia no governo anterior".
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