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OPERAÇÃO SOCIAL
Governo lança pacote contra "a indústria da seca", com a previsão de construção de 1 milhão de cisternas até 2006
Exército distribuirá água em regiões de seca
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem em
Brasília um pacote de combate à
seca que pretende coibir o uso
eleitoreiro da distribuição de água
no semi-árido do país.
A distribuição de água, tradicionalmente feita pelas prefeituras,
será função do Exército. As medidas incluem a promessa de um
aumento de quatro vezes no Orçamento de 2004 para o setor.
"Para ampliação da infra-estrutura hídrica, entre irrigação, adutoras e barragens, temos neste
ano R$ 200 milhões. Para o ano
que vem serão R$ 800 milhões",
afirmou o ministro Ciro Gomes
(Integração Nacional).
Além de substituir as prefeituras na distribuição de água, o governo mudou a forma de declarar
que um município está em estado
de emergência em razão da seca.
Até hoje, os municípios elaboravam e enviavam um relatório sobre os efeitos da seca à Defesa Civil do seu Estado.
De lá, o documento era encaminhado à Defesa Civil Nacional, órgão do Ministério da Integração
Nacional. Se o relatório fosse
aprovado pelo ministro, a decisão
era publicada no "Diário Oficial".
A partir deste ano, para entrar
no rol dos municípios em estado
de emergência, é preciso que a cidade seja vistoriada por uma
equipe da Defesa Civil Nacional.
Além disso, o Exército está monitorando, por meio de satélites, locais e comunidades atingidos pela
seca. Até ontem, 62 municípios
estavam com emergência declarada; outros 182 aguardam resposta.
"O governo quer colocar a indústria da seca na recessão. Cada
caminhão-pipa elege um deputado", disse o ministro José Graziano (Segurança Alimentar). Tradicionalmente, os caminhões-pipa
são "patrocinados" por políticos
locais, que não raramente colocam seus nomes nos veículos e os
usam para distribuir propaganda.
O pacote prevê ações: emergenciais, obras de pequeno porte, de
infra-estrutura hídrica e geração
de renda. As ações emergenciais
envolvem a distribuição de água
em caminhões-pipa, a cargo do
Exército, e, eventualmente, distribuição de alimentos, uma função
da Conab (Companhia Nacional
de Abastecimento).
Com base no mapeamento feito
pelo Exército serão feitas as obras
de pequeno porte: cisternas e barragens de contenção. Até 2006, o
governo espera construir 1 milhão
de cisternas, ao custo de R$ 22 milhões. As barragens serão pagas
com os mesmos R$ 5 milhões orçados para a distribuição de água.
O governo aposta no seguro-safra para resolver o problema dos
pequenos agricultores. Quem
perder a plantação será indenizado. Quem colher, venderá seus
produtos para o Fome Zero.
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