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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Em jantar com empresários, Lula diz que vai manter Palocci no cargo
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Visivelmente abatido e muito
diferente de seu habitual estilo
descontraído, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não fez discurso e se reservou a conversas
paralelas com alguns poucos empresários durante o jantar, na sexta-feira à noite, em homenagem
ao novo presidente do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Josué Gomes
da Silva, presidente da Coteminas
e filho do vice-presidente da República, José Alencar.
Lula ficou a maior parte do tempo na biblioteca do apartamento
do empresário Ivoncy Ioschpe,
nos Jardins (zona oeste de SP). O
tema principal no jantar, como
não poderia deixar de ser, foi a
crise política e as denúncias contra o ministro Antonio Palocci.
Lula manifestou indignação em
relação às denúncias contra Palocci e deixou claro que está disposto a manter o ministro no cargo. O presidente considerou as
acusações sem nenhum fundamento e ficou indignado com a
forma com a qual ela foi divulgada pelo Ministério Público.
Lula manteve conversas com alguns poucos empresários, como
Jorde Gerdau (Gerdau), Roger
Agnelli (Vale do Rio Doce), Benjamin Steinbruch (CSN) e David
Feffer (Suzano), José Roberto Ermírio de Moraes (Votorantim), e
Paulo Setubal (Itaú).
Também participou do encontro o vice José Alencar, que ficou
pouco tempo, por ordens médicas. Esteve presente ainda o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, que também não permaneceu por muito tempo.
Chamou a atenção, entre os empresários, o fato de Alckmin ter
atraído uma roda maior de convidados do que o presidente Lula.
O jantar se deu em dois ambientes. Um, a biblioteca, onde estava
Lula, e outro o salão onde estavam os empresários, entre eles
Paulo Skaf (Fiesp), Eugênio Staub
(Gradiente) e Paulo Cunha (grupo Ultra). Apesar de ser um jantar
para casais, Lula não foi acompanhado da primeira-dama, Marisa,
e muitos dos empresários também não levaram suas mulheres.
O Iedi sempre se caracterizou
por ser uma entidade voltada para os estudos do desenvolvimento
do país. De seus 45 conselheiros,
cerca de 25 estiveram no jantar.
A presença de Lula no jantar
não foi bem recebida por muitos
empresários. No salão principal, o
clima era de total decepção e frustração com o governo. Alguns dos
conselheiros do Iedi estiveram
entre os poucos empresários que
apoiaram Lula na eleição de 2002.
Alguns deles chegaram a falar que
foram traídos pelo governo.
Lula, como já está se tornando
um hábito, lembrou os vários números positivos da economia.
Disse que o país continuará crescendo e que a taxa de juros começará a cair ainda neste ano. Deixou claro ainda que está disposto
a governar até o final do mandato.
Na outra roda, os comentários
sobre a crise eram os mais variados. Para uma parte, o que está
acontecendo é um misto de inépcia e incompetência do governo.
Outra vertente dizia que o plano
do PT era, no fundo, arrecadar recursos suficientes para transformar o país numa república socialista, e o mentor de tal plano seria
o deputado José Dirceu.
Só não houve queixas em relação ao cardápio, assinado pelo
chef Charlô Whately: risoto, bacalhau e carne, tudo acompanhado
por vinho argentino.
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