São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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FHC já pensa na eleição de 2006 como candidato

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso busca tirar proveito da autofagia entre os presidenciáveis tucanos José Serra, prefeito de São Paulo, e Geraldo Alckmin, governador paulista, para que seja o candidato do PSDB em 2006 e volte ao Palácio do Planalto em 2007.
Em conversas com políticos do PSDB, PMDB e PFL nas últimas semanas, FHC deixou claro que deseja ser uma "terceira via" entre Serra e Alckmin, que se digladiam nos bastidores. Avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não terá condições de se candidatar e que, se o fizer, acabará sendo derrotado por um tucano.
Diferentemente do comportamento pré-crise, quando dizia que cobiçava apenas arbitrar a disputa tucana, FHC passou a cogitar uma terceira candidatura -governou de 1995 a 2002.
Ao fazer análises sobre a situação política, FHC primeiro acredita que a crise tem uma dinâmica de imprevisibilidade que só prejudica o governo. "Eles não têm estratégia. Perderam o controle."
"Só posso disputar se houver o caos", afirmou a um amigo. Sua avaliação da crise prevê que esse cenário já está se materializando.
Indagado se Serra não seria um candidato com mais chance, responde: "Tenho condições de reunir maior apoio político e empresarial". Serra, que segundo a última pesquisa Datafolha derrotaria Lula no segundo turno, é um político com idéias que assustam parte do mercado financeiro e do empresariado. Seria mais imprevisível que FHC e teria dificuldades em se aliar ao PFL nacional.
Já o ex-presidente avalia que seria bem recebido pelos pefelistas, que o apoiaram durante sete anos -romperam no último ano porque FHC bancou Serra em 2002.
Ou seja, a boa posição de Serra nas pesquisas é um dado favorável, mas não suficiente para liderar uma grande aliança anti-PT. FHC acha que ele lideraria.
Para as críticas de que sua política econômica foi copiada por Lula e que ela mantém a estabilidade monetária ao custo de um baixo crescimento, FHC diz que enfrentou uma série de crises externas (sete) num momento em que ainda tentava consolidar a estabilidade monetária e a responsabilidade fiscal. Já Lula, sem crises externas, teria mantido uma política restrita demais.
A crítica de que sua eventual eleição seria uma "volta ao passado" também é rebatida. FHC afirma que a lembrança de um governo sem sobressaltos políticos, no qual ele abafava CPIs, seria favorável a ele. "Lula está diminuindo com o tempo", diz FHC.
O ex-presidente tem se posicionado oficialmente a favor da candidatura de Alckmin. Mas faz um comentário que deixou intrigados interlocutores recentes: "Parece que ele não está se viabilizando".
Sobre Serra, FHC diz que ele está "amarrado" à cadeira de prefeito. O prefeito, porém, movimenta-se fortemente para ser candidato. (KENNEDY ALENCAR)

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