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VINAGRE
Ele guarda até hoje garrafa de Romanée-Conti
Vendedor de vinho a Duda se decepcionou
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A garrafa de vinho tinto francês Romanée-Conti safra 1997
que o publicitário Duda Mendonça deu ao então candidato
a presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, em 2002, ainda existe.
Vazia, naturalmente. Ela fica
guardada no escritório que o
italiano Luciano Pessina mantém em seu restaurante, o Osteria dell'Angolo, em Ipanema
(zona sul do Rio de Janeiro).
Depois de comemorar seu
desempenho no debate realizado pela TV Globo na noite de 4
de outubro, Lula saiu do restaurante às 4h15 do dia 5 deixando para trás a garrafa vazia.
Cheia, ela tinha custado a Duda
cerca de R$ 6.000- hoje, custa
R$ 6.775 na única importadora
brasileira do vinho.
"Guardei a garrafa como
lembrança de uma noite especial", conta Pessina, dizendo-se
"perplexo" com as revelações
sobre o esquema PT-Marcos
Valério. "Se eu fosse brasileiro,
teria votado em Lula. Hoje, estou decepcionado. Estamos
vendo no que deu a "realpolitik"
de José Dirceu", afirma ele, 57
anos e há 23 no Brasil.
O Romanée-Conti foi o primeiro símbolo do que se convencionou chamar de deslumbramento do PT. Com o partido no poder, vieram os charutos Cohiba -os preferidos de
Delúbio Soares-, as toalhas de
linho egípcio e o Land Rover
que o ex-secretário-geral do
PT, Silvio Pereira, ganhou de
presente da construtora GDK.
Duda e Lula foram muito criticados por causa do Romanée-Conti. O então candidato do
PT tinha, poucas horas antes,
falado na TV sobre problemas
sociais que pretendia resolver,
e ilustrado seu discurso com a
história de uma mulher que lhe
pedira esmola com uma criança na escola.
"Duda disse que o vinho era
um presente para o [então
coordenador da campanha,
Antonio] Palocci, que estava
fazendo aniversário. O Lula só
deu um gole e depois ficou bebendo uísque. Mas os repórteres perguntaram o que tinha sido bebido na mesa, um garçom
mostrou a garrafa, descobriu-se o preço, e a história correu",
relembra Pessina.
Segundo ele, cerca de 20 pessoas participaram da comemoração, incluindo a então governadora do Rio, Benedita da Silva, e artistas que jantavam em
outras mesas, como Gilberto
Gil, que se tornaria ministro da
Cultura. Ele não se lembra de
quem escreveu, mas está assinalado no rótulo da garrafa:
"Lula-Lá 05/10".
Pessina diz que não tem garrafas de Romanée-Conti em
sua adega, pois não trabalha
com vinhos de mais de R$
1.000. "Não devem haver muitas no Rio", acredita.
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