São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Vício de origem

A proposta anti-corrupção que Geraldo Alckmin (PSDB) lança nesta semana identifica o Orçamento como a fonte primária dos desvios de recursos públicos e dedica capítulo específico a mudanças na elaboração e na execução da peça orçamentária.
O projeto do presidenciável tucano acaba com a Comissão Mista de Orçamento e com o "varejo" das emendas -tanto as individuais quanto as de bancada teriam de ser alocadas para projetos específicos, definidos pelo Executivo como prioritários. Haveria apenas uma comissão de sistematização para acolher as sugestões de mudanças na lei, que seriam feitas pelas comissões permanentes de cada área.

Torneira. Além de alterar a elaboração do Orçamento, a proposta de Alckmin muda as regras de contingenciamento, com cronograma de liberação de recursos. Em tese, isso diminuiria o favorecimento político na divisão das emendas.

Polêmica. As mudanças não acolhem a tese de Orçamento impositivo, defendida por ACM (PFL-BA). "Orçamento impositivo vira título de renda fixa: o sujeito vende a emenda caro porque sabe que ela vai valer mais lá na frente", afirma um dos comandantes da campanha.

Poda. Outra vertente do programa anti-corrupção é a proposta de redução de ministérios e de cargos em confiança.

Pacto. O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) defende que os partidos que integram a coligação de Lula se comprometam a apoiar a reforma política antes do final das eleições.

Com jeito dá. A primeira semana de campanha na televisão animou o governo. Cálculos do Palácio do Planalto indicam que seria possível, com mensalão e tudo, manter a bancada do PT no patamar de 80 deputados.

Banco. Do deputado ACM Neto (PFL-BA), sobre a propaganda que apresenta os candidatos do PT como "o time do Lula": "Esse time aí é o reserva. O titular foi todo expulso. Era formado por José Dirceu, Delúbio, Genoino, Silvio Pereira e Marcos Valério".

Marcha lenta. Acusada de fazer operações de impacto em ano eleitoral, a Polícia Federal ainda não cumpriu a ordem de prisão de Fábio Monteiro de Barros e José Eduardo Teixeira Ferraz, envolvidos no caso do Fórum Trabalhista de São Paulo e condenados por sonegação fiscal, dia 8.

Nova oitiva. Ao saber que Luiz Antônio Vedoin, da Planam, o incluíra na máfia das ambulâncias, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) telefonou para Fernando Gabeira (PV-RJ). O sub-relator da CPI dos Sanguessugas disse que vai convocar Vedoin para que apresente as provas.

Aos navegantes. A direção da Câmara fez circular e-mail na semana passada lembrando a deputados e assessores que é proibido usar o correio eletrônico da Casa para a campanha. No material anexado, trechos da lei eleitoral que explicitam a vedação.

Saiu caro 1. A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público determinou que a Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte suspenda um contrato de R$ 3,2 milhões para a compra de 30 mil carteiras escolares.

Saiu caro 2. O Ministério Público aponta superfaturamento de 110%, além de outros indícios de fraude na compra. O prejuízo para os cofres do Estado, nos cálculos do promotor Giovani Rosado Paiva, foi de R$ 1,7 milhões.

Educação à mesa. Ivan Valente (PSOL-SP) debaterá quinta-feira com o ex-ministro Paulo Renato Souza os vetos de FHC ao Plano Nacional da Educação. E cobrará do governo Lula a promessa de que derrubaria os vetos.

Tiroteio

Lula também fez botox no governo. A maquiagem no rosto foi só uma questão de vaidade. Já o envelhecimento precoce de seu governo é percebido por todos.


Do líder da oposição na Câmara, JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA), sobre Lula ter aplicado botox antes do horário eleitoral.

Contraponto

Álibi

Em 1961, Jânio Quadros (1917-1992) chegou duas horas atrasado a um evento no Museu de Arte Moderna do Rio. O então presidente participou da cerimônia e, antes de partir, foi abordado por um funcionário, conta Nelson Valente no livro "Luz, Câmera, Jânio Quadros em Ação":
-Presidente, preciso de um autógrafo para me justificar. O senhor atrasou muito, e perdi a hora do almoço em casa. Minha mulher não vai acreditar que eu estava trabalhando. Só o senhor pode me salvar.
Jânio riu, deu o autógrafo e emendou:
-Concordo que é preciso tratar bem as mulheres. Mas é a primeira vez que sirvo de relógio de ponto.


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