São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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STF não absolve sem julgar, diz Serraglio

Relator da CPI dos Correios afirma que existem elementos para abertura de processo contra todos os 40 denunciados

Peemedebista tem dúvidas sobre inclusão do deputado José Genoino (PT-SP) entre os integrantes do núcleo do esquema do mensalão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), 59, que relatou a CPI dos Correios, que investigou o mensalão no Congresso, acredita que o Supremo Tribunal Federal vai abrir processo contra os 40 denunciados pelo Ministério Público Federal. "Depois de duas instâncias entendendo que há elementos para processo, vão dizer que não tem nada, que há uma cegueira total de duas instituições?", questiona Serraglio. (RANIER BRAGON)

 

FOLHA - Há elementos para que o Supremo abra processo contra os 40 denunciados?
OSMAR SERRAGLIO -
Sim. Eles devem ser tratados como qualquer cidadão. O tribunal nunca arquiva uma denúncia se tiver minimamente uma prova, uma coisa que suscite a necessidade de um processo. Não abrir o processo seria uma absolvição sumária. E não há ali quem não tenha elementos [para abertura do processo]. Não é um juízo de condenação, é o começo de um processo onde haverá a possibilidade de defesa. O arquivamento só ocorre quando evidentemente você é inocente, o que não é o caso. Duas instâncias já entenderam que há comprometimento, o Congresso, por meio de uma CPI mista, e o Ministério Público. Depois de duas instâncias entendendo que há elementos para processo, vão dizer que não tem nada, que há uma cegueira total de duas instituições?

FOLHA - O sr. concorda que, como diz o Ministério Público, o núcleo do esquema do mensalão foi composto por José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Silvio Pereira?
SERRAGLIO -
Eu concordo. Eu não sei o José Genoino. Porque ele, claro, ele serviu, mas dizer que foi do "núcleo"? Ele foi um partícipe, evidente, como presidente do PT, facilitou as coisas. Mas o que a gente tem de reconhecer é: em uma relação de corrupção você tem o corruptor e o corrupto, duas partes. De um lado, você tinha o governo, e, do outro, os parlamentares, os que estavam cooptados. Do lado de cá [o governo], José Dirceu, Sílvio Pereira, Delúbio Soares, e do outro lado, os parlamentares.

FOLHA - Levando-se em conta que o Supremo levou quase um ano e meio para decidir sobre a análise da denúncia, que é uma fase pré-processual, o sr. acredita que haverá conclusão do processo contra algum dos denunciados?
SERRAGLIO -
Eu acho que sim, espero que sim, é minimamente o que esperamos. Aquilo tudo que nós nos expusemos, enquanto um órgão que de certa forma poderia ser parcial, e nós não fomos, é de se esperar muito mais do Supremo, que ele realmente faça com que a Justiça mostre a sua cara.


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