São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / PROPAGANDA ELEITORAL

Candidatos distorcem dados em estréia na TV

Marta promete dobrar malha do metrô, mas não diz que metade da verba viria do Estado; Alckmin reivindica obra feita sob Covas

Kassab distorce números de escolas e AMAs construídas em sua gestão; principais candidatos ainda simulam entrevistas e depoimentos


EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo distorceram dados na estréia de seus programas eleitorais em rádio e TV. Em meio a uma profusão de números, eles superdimensionaram realizações, esconderam falhas e não mencionaram a participação de parceiros em obras feitas ou prometidas.
Além disso, pelo menos três mostraram entrevistas e depoimentos simulados, sem deixar claro que os "quadros" não eram espontâneos.
A campanha de Marta Suplicy (PT) voltou a prometer mais do que dobrar a atual malha de metrô da cidade, mas não lembrou que, se o projeto vingar, 50% do dinheiro sairá dos cofres do Estado, comandado hoje pelos tucanos. Além disso, houve menção à implantação de 800 equipes do programa Saúde da Família em sua gestão na cidade (2001-2004). O número correto não chega a 700.
No programa de rádio, houve simulação de uma ligação telefônica do presidente Lula.
O programa de Geraldo Alckmin lista uma série de supostas realizações do ex-governador (2001-2006), como a construção de 20 km de linhas do metrô, do Rodoanel Mario Covas e da segunda pista da Imigrantes.
A assessoria de imprensa do Metrô afirma que só 11 km foram entregues. A obra do Rodoanel começou com Mario Covas (1995-2001). Alckmin entregou o trecho oeste, mas o trecho sul atrasou. A segunda pista da Imigrantes foi feita pela concessionária Ecovias como obrigação de contratos de 1998.
O programa tucano também traz imagens de pessoas na rua desejando sorte ao candidato. Algumas delas já foram vistas trabalhando para a campanha.
Dono do maior tempo de TV e rádio, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) foi apontado pelo locutor como responsável por fazer "dois hospitais e mais de 100 AMAs (assistência médica ambulatorial)" em dois anos. As obras dos dois hospitais começaram antes de sua gestão. Em relação às AMAs, Kassab inaugurou cerca de 90.
O prefeito também falou de obras sem lembrar dos investimentos federais e declarou ter construído 217 novas escolas -sem dizer que falta entregar 50 delas. Em seu programa de rádio, também houve telefonema simulado.
O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) exaltou a construção da avenida Água Espraiada, hoje Roberto Marinho. Ele responde a ações na Justiça sob acusação de superfaturamento e desvio de recursos da obra.
As campanhas disseram considerar normais os quadros simulados. A assessoria de Marta disse que ela sempre lembra que a competência do metrô é do "governo do Estado" e que os aportes municipal e federal "serão em parceria".
A assessoria de Alckmin disse que ele "concluiu 12 km de linhas do metrô e deixou outros 14 km em obras". "Os governos tucanos fizeram 25 km de metrô na capital." A assessoria lembra que o contrato da Imigrantes foi firmado quando Alckmin era vice de Covas.
A assessoria de Kassab argumentou que a obra dos hospitais foram retomadas em cima de "esqueletos" e que as AMAs são um trabalho iniciado por Serra e complementado por ele. A assessoria afirma ainda que o dinheiro federal nas obras "não é escondido" e demonstra "a competência de Kassab em conseguir recursos para São Paulo". Sobre as escolas, disse que todas serão entregues. A assessoria de Maluf diz que nenhuma irregularidade em relação à Água Espraiada foi provada na Justiça. "Os acusadores não conseguiram apresentar uma única prova". (RANIER BRAGON, FERNANDO BARROS DE MELLO, CATIA SEABRA, FLÁVIO FERREIRA, ANA FLOR E ALENCAR IZIDORO)


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