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Mercadante renuncia a cargo, mas adia anúncio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante do racha do PT no Senado, o presidente Lula tenta
evitar uma ruptura ainda maior
entre os senadores da bancada.
Lula chamou ontem o ainda líder do PT, Aloizio Mercadante
(SP), para uma conversa depois
de ser informado de que ele renunciaria ao cargo. O senador
acabou adiando o anúncio de
sua decisão para hoje.
Apesar de irritado com o senador, Lula gostaria que ele não
saísse agora para evitar o aprofundamento da crise na sigla,
que já perdeu os senadores Marina Silva (AC) e Flávio Arns
(PR). Mas não estava disposto,
segundo um assessor, a "suplicar" por sua permanência.
Mercadante informou ontem de manhã, no seu Twitter,
que às 15h faria um discurso no
qual anunciaria sua saída "em
caráter irrevogável" da liderança. Ele entrou em conflito com
o governo, parte da bancada petista e com a cúpula do partido
após se recusar a assumir a defesa do presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), no
Conselho de Ética.
Horas depois, o petista recebeu um telefonema do ministro
José Múcio (Relações Institucionais) pedindo que aguardasse Lula retornar a Brasília -ele
estava em Mossoró (RN). Até o
fechamento desta edição, eles
não haviam se encontrado.
Em Mossoró, Lula não disfarçou seu descontentamento.
Após atender a um telefonema
de um assessor informando
que Mercadante cobrava o horário do seu retorno, disse, segundo relatos: "Nós já conversamos bastante. Ele sabe o que
faz, tem idade para isso".
Mercadante remarcou o discurso para hoje, às 10h. Segundo assessores, não deve recuar.
A bancada do PT no Senado
está dividida entre os que defendem alinhamento a Lula e
os que pregam independência.
O primeiro grupo trabalha para
substituir Mercadante pelo suplente João Pedro (AM).
Da confiança do presidente
Lula, foi indicado para assumir
a presidência da CPI da Petrobras. É um dos três petistas do
Conselho de Ética que ajudaram a salvar Sarney de investigações. Coube a João Pedro ler
a nota do PT que recomendava
o arquivamento dos processos.
"A crise que o PT enfrenta
hoje deve-se à permanência do
Aloizio na liderança do PT",
disse o senador Delcídio Amaral (PT-MS). Ele, Ideli Salvatti
(SC) e João Pedro já mandaram
recados para Mercadante no
sentido de que não o reconhecem mais como líder. Tanto
que não participaram da última
reunião convocada por ele.
Lideranças do PT procuraram ontem blindar o partido ao
afirmar que os votos a favor de
Sarney não terão repercussão
na sigla. "Não identifiquei no
partido nenhum tipo de intranquilidade", disse o presidente
do PT, Ricardo Berzoini (SP).
"A crise é localizada e vai se
esgotar por si mesma", afirmou
José Eduardo Dutra, que disputa a presidência do PT.
Coube ao ministro Múcio,
que é do PTB, defender publicamente Mercadante ontem,
ao afirmar que ele é "imprescindível para o governo".
(ANDREZA MATAIS, LETÍCIA SANDER e VALDO CRUZ)
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