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PT vai continuar forte sem descontentes, afirma Lula
Presidente diz que não há crise no partido mesmo com a saída de senadores
Flávio Arns "sempre foi
muito encrencado com o PT",
diz Lula; sobre Marina Silva,
presidente afirma que ela já
estava com a opção feita
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPANGUAÇU (RN)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em visita ao Vale do Açu (RN), que não
vê crise no PT nem problema
na decisão dos senadores Marina Silva (AC) e Flávio Arns (PR)
em deixar o partido. "Não vejo
crise no PT", afirmou Lula.
"Se a pessoa quer sair do partido, não está confortável, é direito da pessoa", declarou.
"Quem entra sai", afirmou o
presidente. "O PT continua forte, com muitas possibilidades."
Em entrevista a emissoras de
rádio, em Mossoró (a 280 km
de Natal), o presidente disse
que Marina permaneceu no
Ministério do Meio Ambiente
"até quando quis". Afirmou
ainda que a senadora não o procurou quando decidiu deixar o
PT. "Se ela quis fazer uma opção e não me procurou para
conversar, então é porque ela
estava com a opção feita", disse.
Lula afirmou que torce pela
ex-ministra porque considera
sua relação com ela "superior à
relação partidária". "Quanto ao
Flávio Arns, é um senador de
primeiro mandato, que tem o
seu valor, mas sempre foi muito encrencado com o PT."
No primeiro ano do governo
Lula, em 2003, também houve
um choque entre a orientação
do Planalto e alguns integrantes do PT que culminou na saída de um grupo do partido, liderado pela então senadora
Heloísa Helena. À época, sobre
a chamada ala radical, Lula afirmou: "Não é problema meu. É
um problema do partido".
Ontem, o presidente não comentou diretamente a crise no
Senado nem os ataques sofridos pelo presidente da Casa,
José Sarney (PMDB), pivô da
crise no PT, que se dividiu com
a decisão do Planalto de apoiar
o senador. Entretanto, Lula foi
duro ao falar de opositores.
"Uma oposição, quando não
tem argumento para fazer oposição, é pior do que doença que
não tem cura", disse, ao comentar críticas feitas no passado à
inauguração de uma universidade rural no Estado.
"Eles ficam inventando qualquer coisa", disse. "Eu estou
naquela fase da minha vida que
é o seguinte: enquanto os cães
ladram, a caravana passa, e eu
tenho que governar este país."
Ainda sem se referir a pessoas ou instituições, Lula afirmou que, "muitas vezes", as denúncias fazem "muita fumaça e
pouco fogo". "Não se pode cometer o erro de se fazer prejulgamento, e uma pessoa ser condenada por uma manchete."
No Rio Grande do Norte, Lula também criticou a eternização do poder pelos clãs nordestinos, mas não citou o Maranhão, terra natal dos Sarney.
Preferiu generalizar.
"Pode pegar o Rio Grande do
Norte, por exemplo. Pode pegar Pernambuco, a Paraíba. As
mesmas famílias governam há
décadas e décadas. Tem cidades do Nordeste que até as famílias brigam entre elas", declarou. "Ou seja, o Silva 1 contra
o Silva 2 participam de partidos
diferentes, se ofendem, e a família continua mandando."
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