São Paulo, sexta-feira, 21 de agosto de 2009

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PT vai continuar forte sem descontentes, afirma Lula

Presidente diz que não há crise no partido mesmo com a saída de senadores

Flávio Arns "sempre foi muito encrencado com o PT", diz Lula; sobre Marina Silva, presidente afirma que ela já estava com a opção feita


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPANGUAÇU (RN)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em visita ao Vale do Açu (RN), que não vê crise no PT nem problema na decisão dos senadores Marina Silva (AC) e Flávio Arns (PR) em deixar o partido. "Não vejo crise no PT", afirmou Lula.
"Se a pessoa quer sair do partido, não está confortável, é direito da pessoa", declarou. "Quem entra sai", afirmou o presidente. "O PT continua forte, com muitas possibilidades."
Em entrevista a emissoras de rádio, em Mossoró (a 280 km de Natal), o presidente disse que Marina permaneceu no Ministério do Meio Ambiente "até quando quis". Afirmou ainda que a senadora não o procurou quando decidiu deixar o PT. "Se ela quis fazer uma opção e não me procurou para conversar, então é porque ela estava com a opção feita", disse.
Lula afirmou que torce pela ex-ministra porque considera sua relação com ela "superior à relação partidária". "Quanto ao Flávio Arns, é um senador de primeiro mandato, que tem o seu valor, mas sempre foi muito encrencado com o PT."
No primeiro ano do governo Lula, em 2003, também houve um choque entre a orientação do Planalto e alguns integrantes do PT que culminou na saída de um grupo do partido, liderado pela então senadora Heloísa Helena. À época, sobre a chamada ala radical, Lula afirmou: "Não é problema meu. É um problema do partido".
Ontem, o presidente não comentou diretamente a crise no Senado nem os ataques sofridos pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB), pivô da crise no PT, que se dividiu com a decisão do Planalto de apoiar o senador. Entretanto, Lula foi duro ao falar de opositores.
"Uma oposição, quando não tem argumento para fazer oposição, é pior do que doença que não tem cura", disse, ao comentar críticas feitas no passado à inauguração de uma universidade rural no Estado.
"Eles ficam inventando qualquer coisa", disse. "Eu estou naquela fase da minha vida que é o seguinte: enquanto os cães ladram, a caravana passa, e eu tenho que governar este país."
Ainda sem se referir a pessoas ou instituições, Lula afirmou que, "muitas vezes", as denúncias fazem "muita fumaça e pouco fogo". "Não se pode cometer o erro de se fazer prejulgamento, e uma pessoa ser condenada por uma manchete."
No Rio Grande do Norte, Lula também criticou a eternização do poder pelos clãs nordestinos, mas não citou o Maranhão, terra natal dos Sarney. Preferiu generalizar.
"Pode pegar o Rio Grande do Norte, por exemplo. Pode pegar Pernambuco, a Paraíba. As mesmas famílias governam há décadas e décadas. Tem cidades do Nordeste que até as famílias brigam entre elas", declarou. "Ou seja, o Silva 1 contra o Silva 2 participam de partidos diferentes, se ofendem, e a família continua mandando."


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