São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2000

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QUESTÃO AGRÁRIA
Comandante da Polícia Militar no local declarou que não havia meios de prender os sem-terra
MST furta madeira de fazenda diante da PM no Pontal

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO

Cerca de 200 integrantes do MST arrancaram 3,5 quilômetros de cerca e furtaram madeira da fazenda de um ex-sócio do presidente FHC ontem no Pontal do Paranapanema, diante de um grupo inerte de sete policiais militares. Os mourões de sustentação da cerca foram levados pelos sem-terra para serem usados para fazer fogo e construir artefatos.
O capitão Francisco Leopoldo Júnior, comandante da PM em Teodoro Sampaio, acompanhou parte da ação, reconheceu que era uma situação de flagrante de furto e que poderia prender os sem-terra, mas, diante do número reduzido de policiais, nada fez além de encaminhar um boletim de ocorrência para a Polícia Civil.
"A PM, se tivesse meios, prenderia essas 200 pessoas. Como não há meios, vamos lavrar um boletim de ocorrência, encaminhar os fatos à delegacia de polícia e pedir perícia", disse.
O delegado Donato Faria anexou a denúncia a outro inquérito que apura os mesmos crimes, cometidos na mesma fazenda, a Santa Maria. A área, de 2.350 alqueires, tem entre os herdeiros Jovelino Mineiro, sócio dos filhos de FHC em fazenda em Buritis.
O dirigente do MST José Rainha Júnior, que acompanhou os sem-terra à distância, reiterou o caráter político da ação: "É uma solidariedade aos trabalhadores que estão na frente da fazenda do Fernando Henrique, já que aqui é do sócio dele. E queremos resposta em assentamentos e créditos aos trabalhadores".
Enquanto o grupo carregava as madeiras, um grupo menor invadia a fazenda pelo segundo dia consecutivo, arava a terra e plantava mandioca, feijão e milho, com a ajuda de dois tratores.
Os sem-terra integram um acampamento com mais de 500 famílias instaladas numa reserva ambiental próxima à fazenda.
Por meio de um assessor, Mineiro disse que entrará hoje na Justiça com pedido de manutenção de posse. Uma área de 2.662 hectares da fazenda era reservada a um grupo de 50 arrendatários de algodão. Inadimplentes, eles abandonaram o projeto, que tinha o aval do governo estadual.


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