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QUESTÃO AGRÁRIA
Comandante da Polícia Militar no local declarou que não havia meios de prender os sem-terra
MST furta madeira de fazenda diante da PM no Pontal
EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO
Cerca de 200 integrantes do
MST arrancaram 3,5 quilômetros
de cerca e furtaram madeira da fazenda de um ex-sócio do presidente FHC ontem no Pontal do
Paranapanema, diante de um
grupo inerte de sete policiais militares. Os mourões de sustentação
da cerca foram levados pelos sem-terra para serem usados para fazer fogo e construir artefatos.
O capitão Francisco Leopoldo
Júnior, comandante da PM em
Teodoro Sampaio, acompanhou
parte da ação, reconheceu que era
uma situação de flagrante de furto
e que poderia prender os sem-terra, mas, diante do número reduzido de policiais, nada fez além de
encaminhar um boletim de ocorrência para a Polícia Civil.
"A PM, se tivesse meios, prenderia essas 200 pessoas. Como
não há meios, vamos lavrar um
boletim de ocorrência, encaminhar os fatos à delegacia de polícia
e pedir perícia", disse.
O delegado Donato Faria anexou a denúncia a outro inquérito
que apura os mesmos crimes, cometidos na mesma fazenda, a
Santa Maria. A área, de 2.350 alqueires, tem entre os herdeiros Jovelino Mineiro, sócio dos filhos de
FHC em fazenda em Buritis.
O dirigente do MST José Rainha
Júnior, que acompanhou os sem-terra à distância, reiterou o caráter político da ação: "É uma solidariedade aos trabalhadores que
estão na frente da fazenda do Fernando Henrique, já que aqui é do
sócio dele. E queremos resposta
em assentamentos e créditos aos
trabalhadores".
Enquanto o grupo carregava as
madeiras, um grupo menor invadia a fazenda pelo segundo dia
consecutivo, arava a terra e plantava mandioca, feijão e milho,
com a ajuda de dois tratores.
Os sem-terra integram um
acampamento com mais de 500
famílias instaladas numa reserva
ambiental próxima à fazenda.
Por meio de um assessor, Mineiro disse que entrará hoje na
Justiça com pedido de manutenção de posse. Uma área de 2.662
hectares da fazenda era reservada
a um grupo de 50 arrendatários
de algodão. Inadimplentes, eles
abandonaram o projeto, que tinha o aval do governo estadual.
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