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ORÇAMENTO
Despesas deste ano superam previsão para 2001
Comissão estuda regulamentação de gastos do governo com viagens
OTÁVIO CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal já gastou R$
421,96 milhões neste ano em passagens aéreas e diárias para funcionários públicos em viagens pelo Brasil e ao exterior. Do total, foram gastos R$ 155,11 milhões em
passagens aéreas e R$ 266,89 milhões em diárias.
Para buscar métodos para reduzir esses gastos e disciplinar as
viagens, a Comissão de Ética Pública se reúne hoje em Brasília.
A intenção da comissão é criar
um código de conduta sobre o tema, definindo quais viagens devem ser feitas com dinheiro público e quando os servidores poderão aceitar viagens a convite de
outros governos e de empresas da
iniciativa privada.
O órgão campeão em gastos em
passagens aéreas é a Câmara dos
Deputados. Do início do ano até
anteontem, os parlamentares haviam gasto R$ 11,17 milhões.
Isso ocorre porque cada parlamentar tem direito a quatro passagens aéreas por mês entre Brasília e a capital de seu Estado de
origem. Uma delas com escala no
Rio de Janeiro.
Em seguida, aparecem o INSS,
com R$ 9,27 milhões, e o Ministério da Fazenda, com R$ 8,254 milhões. Já em diárias, o campeão
em gastos é o INSS, com R$ 33,5
milhões, seguido pelos ministérios da Justiça (R$ 17,5 milhões) e
da Fazenda (R$ 16,3 milhões).
Os gastos do INSS são provocados principalmente pelo pagamento de diárias a fiscais em viagens pelo interior do Brasil. Os da
Justiça, pelo pagamento de diárias a agentes da Polícia Federal.
Orçamento
Os R$ 421 milhões gastos em
diárias e passagens superam a
verba prevista no Orçamento de
2001 para setores importantes.
Entre eles, estão o Pronaf (Programa de Agricultura Familiar),
que tem a previsão de receber R$
237 milhões, a cultura (R$ 216 milhões), urbanismo (R$ 109 milhões), saneamento (R$ 194,5 milhões) e desporto e turismo (R$
120,3 milhões).
Os gastos nos nove primeiros
meses deste ano estão proporcionalmente equivalentes às despesas com diárias e passagens no
ano passado, quando atingiram
R$ 594 milhões (R$ 238,65 milhões em passagens e R$ 354,94
milhões em diárias).
Os órgãos que mais gastaram
no ano passado foram os mesmos: Câmara (passagens) e INSS
(diárias).
Reunião
Além de reduzir esses gastos, a
comissão vai buscar definir quando o presidente, os ministros, os
parlamentares, os secretários e os
assessores poderão aceitar o pagamento, pela iniciativa privada,
de despesas em outros Estados e
no exterior.
A comissão, presidida pelo advogado João Geraldo Piquet Carneiro, foi a responsável pela elaboração do Código de Conduta
da Alta Administração Federal,
lançado no final de agosto.
O código de conduta prevê, entre outras medidas, a criação de
uma quarentena para os funcionários públicos de alto escalão
que saírem do governo. Antes de
entrar na iniciativa privada, os
funcionários terão que ficar quatro meses sem trabalhar para evitar o vazamento de informações
confidenciais.
A reunião de hoje foi motivada
pelas várias consultas de autoridades do alto escalão à comissão.
A principal dúvida é se a aceitação
de viagens a convite contraria a
conduta prevista no código.
Nessa primeira reunião serão
definidas algumas diretrizes. Até
o final de ano deve ser lançado
um anexo ao código, tratando
apenas de viagens.
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