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ORÇAMENTO
Martus Tavares diz que o governo não acredita em alta prolongada; previsão de gastos e receitas para 2001 se mantém
"Petróleo não afeta estimativas", diz Martus
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento do preço do petróleo e a alta na cotação do dólar
não influenciarão as estimativas
de receitas e gastos do governo
para o ano que vem. A afirmação
foi feita ontem pelo ministro Martus Tavares (Planejamento), após
reunião do presidente Fernando
Henrique Cardoso com todos os
seus ministros.
Segundo Martus, a opinião do
Executivo é que a crise do petróleo não vai se prolongar, por isso
não irá afetar as contas do governo federal. "Essa mudança de
conjuntura é recente e ainda acredito que haja estabilidade", declarou Martus. "Estamos acompanhando a situação e não vemos
motivo de conclusão nem otimista nem pessimista."
Martus continua acreditando
ser possível atingir as cotações
previstas na proposta orçamentária enviada ao Congresso. Lá está
previsto que o preço médio do petróleo no ano fique em US$ 24,60
o barril, e o dólar não passe de R$
1,7938. Porém, anteontem, devido
à crise entre Iraque e Kuait, os
dois indicativos bateram recorde.
O dólar fechou a R$ 1,859, maior
marca do ano. E o petróleo foi negociado em Londres a US$ 37,15.
Foi o maior valor da década.
Se as altas cotações se mantiverem, todas as contas do governo
precisarão ser refeitas. Mas os ministros Martus e Pedro Parente
(Casa Civil) disseram que há
"grande possibilidade" de o Orçamento de 2001 ser executado integralmente, sem contingenciamento, o que não ocorreu nos últimos anos. "O grau de realismo
na proposta é grande, por isso temos expectativa grande de que
não haja necessidade de contingenciamento", declarou Martus.
Segundo ele, FHC pediu aos ministros que ajudem a cumprir o
Orçamento. Uma das maneiras é
evitar que, devido à apresentação
excessiva de emendas, o Congresso infle as receitas previstas.
Para isso, ele aconselhou os ministros a não negociarem diretamente seus pleitos com a Comissão de Orçamento. Todos os pedidos devem ser intermediados por
Martus. Durante a reunião, o ministro José Serra (Saúde) sugeriu,
e o ministro Paulo Renato (Educação) concordou, que os financiamentos de organismos internacionais, como o Bird (Banco
Mundial) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento),
não sejam contabilizados para
efeito de déficit.
Eles justificaram que esses financiamentos têm condições de
pagamento e juros diferenciados
e cumprem um cronograma muito rigoroso para que o dinheiro
seja liberado. Foram citadas as
áreas de saneamento e educação,
como exemplo.
Até o final de 2002, o governo
pretende disponibilizar na Internet todos os serviços públicos que
não prescindam da presença dos
cidadãos para serem efetuados. O
"governo eletrônico" foi apresentado ontem na reunião pelo ministro Pedro Parente (Casa Civil).
O ministro informou que o texto do decreto criando o "governo
eletrônico" estará pronto na próxima segunda-feira. Parente disse
que atualmente o governo já disponibiliza na Internet cerca de
700 serviços. A meta do governo é
aumentar esse número para
3.000. "A Internet tem a possibilidade de melhorar muito o trabalho do governo como também
permitir uma melhoria na prestação de serviços", disse.
Pedro Parente disse que o "governo eletrônico" vai ser "muito
mais do que um portal".
Como exemplo dos serviços que
estarão disponíveis, ele citou a
marcação de consultas e o pagamento do Imposto de Renda via
Internet. O ministro disse que a
informatização dos serviços públicos não vai causar a demissão
de funcionários, mas vai permitir
ao governo manter a atual taxa de
reposição.
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