São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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CPI DO MENSALÃO

Só transportei R$ 700 mil, diz Genu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O assessor do PP João Cláudio de Carvalho Genu, 41, apontado como um dos receptores do dinheiro do esquema de Marcos Valério, corroborou ontem em depoimento à CPI do Mensalão a versão do caso apresentada pela cúpula pepista e, a exemplo de outros depoentes, afirmou ter apenas transportado o dinheiro que Marcos Valério e o PT repassaram a partidos aliados.
Segundo planilha apresentada por Valério, o PP, por meio de Genu, foi o destinatário de R$ 4,1 milhões do esquema. O PP afirma ter recebido apenas R$ 700 mil, dinheiro que teria sido usado em sua totalidade no pagamento do advogado do deputado Ronivon Santiago (PP-AC), que enfrenta diversos processos eleitorais.
A versão foi confirmada ontem por Genu -chefe-de-gabinete do líder da bancada do PP na Câmara, José Janene (PR)-, embora ele tenha feito condicionantes que dão margem a dúvidas.
Uma delas se dá porque Genu diz que não conferia os pacotes de dinheiro que recebia da gerente financeira de Valério, Simone Vasconcelos, e que os entregava lacrados à direção do partido. Ele sustenta ter transportado R$ 700 mil apenas com base em recibos que assinou ao receber os pacotes.
Questionado pelo deputado Julio Redecker (PSDB-RS) sobre se poderia ter transportado os R$ 4,1 milhões sem saber, respondeu: "É possível". Genu disse ainda que só soube agora da versão de que o dinheiro foi destinado a Ronivon.
O assessor disse ainda na CPI que esteve apenas quatro vezes na agência do Banco Rural de Brasília -local de distribuição do dinheiro das contas de Valério-, embora registros de entrada na portaria do prédio apontem para mais visitas. Em todas as ocasiões, ele afirmou que fez o serviço por solicitação de um contador do PP já morto, mas que a ordem era confirmada por Janene e pelo presidente do PP, Pedro Corrêa (PE).
"Vamos ter que chamar o espírito do Chico Xavier para presidir essa sessão", ironizou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), ao lembrar que são atribuídas a pessoas mortas muitos papéis-chave no atual escândalo.
Genu negou que tenha participado de tráfico de influência em estatais e disse que seu patrimônio, que inclui casa de luxo e vários carros, é compatível com sua renda. Genu confirmou ainda que acompanhou Janene em várias visitas à corretora Bônus-Banval.


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