São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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CASO MALUF

Dinheiro saiu de conta no Safra National Bank, de Nova York

Flávio Maluf fez depósito de US$ 500 mil para sogra

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Flávio Maluf, filho do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), transferiu US$ 500 mil para uma conta bancária da sogra dele, Maria Aparecida Feitosa Coutinho Torres, no Safra National Bank de Nova York (EUA).
O dinheiro depositado no exterior, segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, tem como origem o suposto desvio de verba de obras públicas durante a gestão de Maluf na Prefeitura de São Paulo, entre 1993 e 1996.
A movimentação internacional foi descoberta por meio da quebra do sigilo bancário da conta Chanani, no Safra de Nova York. A conta é atribuída aos Maluf.
Segundo extratos bancários da Chanani, no dia 23 de dezembro de 1998, US$ 500 mil foram transferidos para a conta nš 6101704, cujo nome fantasia é Cernobbio Villa D'Este (nome de um hotel de luxo na Itália).
Documentos enviados pelo banco ao Brasil revelam que a proprietária da conta é a mãe da advogada Jacqueline de Lourdes Coutinho Torres Maluf, casada com Flávio. O nome da filha consta como beneficiária dos valores depositados.
A movimentação internacional foi confirmada pelo doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi. Em depoimento gravado ao Ministério Público, o doleiro disse que a transferência foi uma ordem de Flávio.
No total, o doleiro afirmou que aproximadamente US$ 161 milhões circularam em contas bancárias nos Estados Unidos em nome dos Maluf. Nenhuma movimentação foi declarada no Brasil.

Contas
A Chanani é apenas uma das dezenas de contas bancárias que o Ministério Público atribui à família Maluf no exterior.
Além da movimentação apontada nos Estados Unidos, o promotor de Justiça da Cidadania Sílvio Marques acredita que os Maluf tenham movimentado cerca de US$ 446 milhões em contas bancárias na Suíça.
Há ainda registro de movimentação financeira atribuída aos Maluf no paraíso fiscal da ilha de Jersey (canal da Mancha). Autoridades de Jersey bloquearam contas com pelo menos US$ 200 milhões em nome de Maluf e de familiares dele, conforme a Folha revelou em 2001.
Também há registros de contas em nome da família do ex-prefeito na França, no Reino Unido e Luxemburgo.
Maluf e o filho devem ser ouvidos hoje, pela primeira vez desde que foram presos, pelo juiz federal Paulo Sarno, que está substituindo a juíza Silvia Maria Rocha.
Será o primeiro interrogatório dos dois no processo em que são acusados de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha e corrupção -a soma das penas mínimas é de oito anos de prisão.
Na noite de ontem, advogados dos Maluf pediram ao juiz que transferisse o interrogatório para nova data. Alegaram que não houve tempo hábil para analisar toda a documentação. O pedido foi negado pelo juiz.
O ex-prefeito e o filho negam ter enviado dinheiro de forma ilegal para o exterior e dizem que a conta bancária no Safra de NY pertence a Birigüi.


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