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RUMO A 2006
Proposta contraria a lei que beneficiou Lula
Orçamento não prevê gastos com equipe de transição de governo
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal não previu na
proposta de Orçamento de 2006
-encaminhada ao Congresso no
dia 31 do mês passado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo- dotação de gastos específica para a equipe de transição, o
que contraria a lei 10.609, de 20 de
dezembro de 2002.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva foi o primeiro a contar com
recursos destinados exclusivamente para essa finalidade, devido a instrumento implementado
por seu antecessor, Fernando
Henrique Cardoso.
Foram criados 50 cargos comissionados no final de outubro de
2002. A equipe de Lula, então chefiada pelo atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ocupou
conjunto de salas e escritórios cedidos pelo Banco do Brasil. O gasto com a infra-estrutura e a folha
de pagamentos foi de aproximadamente R$ 1 milhão.
Procurado pela Folha, o Ministério do Planejamento alegou que
foi um erro da SOF (Secretaria de
Orçamento Federal), subordinada à pasta. A assessoria do ministério informou que os técnicos da
secretaria desconheciam a lei.
No entanto, teriam previsto dotação para a equipe de transição
de governo seguindo o mesmo
princípio usado pelo governo
passado, por meio de créditos suplementares. Até a conclusão desta edição, o Planejamento trabalhava com duas hipóteses para
corrigir o erro. Primeiro, o presidente poderia incluir o ajuste na
mensagem que ratificará a alíquota máxima do Imposto de Renda
da Pessoa Física. Na proposta orçamentária, o governo havia se
equivocado, reduzindo a alíquota
mais alta do IR de 27,5% para
25%. O governo manterá 27,5%.
Outra possibilidade seria recorrer ao relator do Orçamento, deputado Carlito Merss (PT-SC),
que faria a correção destacando
recursos específicos para a equipe
de transição. Ainda segundo a assessoria do Planejamento, a SOF
teria previsto quantia para esse
fim similar aos recursos dotados
em 2002, algo entre R$ 800 mil e
R$ 1 milhão.
Além da possibilidade de erro, o
senador oposicionista ao governo
Álvaro Dias (PSDB-PR) levanta
outra hipótese: "Omissão deliberada de alguém que prevê a reeleição do presidente Lula". Ou seja,
dessa forma não seria necessária a
dotação de recursos para a equipe
de transição. "De qualquer forma,
isso demonstra o despreparo do
governo", completou o senador.
A SOF é o órgão responsável por
elaborar a proposta orçamentária
do governo federal, segundo as
regras vigentes. A maioria dos
técnicos da secretaria, que têm
por obrigação conhecer a legislação sobre o tema, vem do governo
passado. A gestão de FHC começou a tratar oficialmente do assunto em abril de 2002, com um
decreto presidencial que dispunha sobre a prestação de informações da administração federal aos
candidatos à Presidência.
Em julho daquele ano, em outro
decreto, estabeleceu que o processo de transição começaria seis
meses antes de o novo presidente
assumir. Em outubro, houve novo decreto (determinando que cada ministério elaborasse um livro
da transição) e a edição de MP
com todas as regras para implantação do governo de transição.
O artigo sétimo da medida provisória informava que deveria haver, em anos de eleição, dotações
orçamentárias, "alocadas em ação
específica na Presidência da República", para a equipe de transição. No dia 20 de dezembro, a MP
foi convertida em lei.
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