São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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Para analista, grupo "mais leal" a presidente agiu

DA REPORTAGEM LOCAL

O cientista político Leôncio Martins Rodrigues vê no grupo do PT ligado ao dossiê o "mais leal e identificado com o presidente Lula": o de sindicalistas menos ideológicos e pragmáticos.
Para Rodrigues, ainda faltam detalhes a serem esclarecidos no novo escândalo, mas o episódio repete aspectos de casos anteriores envolvendo o partido. "O que o PT fez foi potencializar de uma forma jamais vista essa lógica de compensar os aliados com cargos e benefícios, que faz parte do jogo político, embora os políticos não gostem de admitir. Organizou partidariamente essa lógica. É uma máquina montada para isso", afirma.
Para ele, faz parte da ampliação dessa dinâmica a formação de ONGs para serem financiadas pelo governo -o que não seria usado só pelo PT. "É um tipo de financiamento de difícil checagem."
Estudioso do movimento sindical brasileiro, ele diz que os sindicalistas, mesmo os que não aparecem ao grande público, continuam ocupando papel chave no PT: o de organizar estruturas de campanha, por exemplo. "O sindicalismo privado perdeu força, como no caso dos metalúrgicos, mas o sindicalismo público ganhou importância", diz ele, autor de "Mudanças na Classe Política Brasileira" (Publifolha, 2006). No livro, ele aponta que, dos 53 sindicalistas eleitos para o Congresso na eleição passada, 43 foram do PT.
Para Claudio Gonçalves Couto, cientista político da PUC-SP, o episódio é outra expressão "do jogo muito bruto" da política com origem no sindicalismo adotado, há anos, pela dirigência petista. "Mas se esperava que, após os escândalos, houvesse recuo tático, um arrefecimento desse tipo de prática, porque estavam todos, incluindo a oposição e a imprensa, muito mais atentos."
Rodrigues vê na alusão do PT a "golpismo" no episódio "uma mera justificativa, mais ou menos hábil, que pode funcionar com o eleitorado mais simplório".

Segundo turno
O escândalo muda o cenário eleitoral a ponto de levar a disputa para o segundo turno? Para Rodrigues, é difícil, agora, avaliar duas variáveis: a habilidade da oposição para explorar o episódio e o efeito que terá na massa de eleitores de Lula que tem menos acesso aos meios de comunicação.
Para Gonçalves Couto, há sinais de que pode haver segundo turno, apesar do pouco tempo até a eleição. "É a primeira vez que Lula perdeu a agenda da campanha e está na defensiva. E apesar de ele estar imune a todo tipo de problema até agora, pode ser que isso mude."


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