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Para analista, grupo "mais leal" a presidente agiu
DA REPORTAGEM LOCAL
O cientista político Leôncio Martins Rodrigues vê no
grupo do PT ligado ao dossiê
o "mais leal e identificado
com o presidente Lula": o de
sindicalistas menos ideológicos e pragmáticos.
Para Rodrigues, ainda faltam detalhes a serem esclarecidos no novo escândalo,
mas o episódio repete aspectos de casos anteriores envolvendo o partido. "O que o
PT fez foi potencializar de
uma forma jamais vista essa
lógica de compensar os aliados com cargos e benefícios,
que faz parte do jogo político,
embora os políticos não gostem de admitir. Organizou
partidariamente essa lógica.
É uma máquina montada para isso", afirma.
Para ele, faz parte da ampliação dessa dinâmica a formação de ONGs para serem
financiadas pelo governo -o
que não seria usado só pelo
PT. "É um tipo de financiamento de difícil checagem."
Estudioso do movimento
sindical brasileiro, ele diz
que os sindicalistas, mesmo
os que não aparecem ao
grande público, continuam
ocupando papel chave no PT:
o de organizar estruturas de
campanha, por exemplo. "O
sindicalismo privado perdeu
força, como no caso dos metalúrgicos, mas o sindicalismo público ganhou importância", diz ele, autor de
"Mudanças na Classe Política Brasileira" (Publifolha,
2006). No livro, ele aponta
que, dos 53 sindicalistas eleitos para o Congresso na eleição passada, 43 foram do PT.
Para Claudio Gonçalves
Couto, cientista político da
PUC-SP, o episódio é outra
expressão "do jogo muito
bruto" da política com origem no sindicalismo adotado, há anos, pela dirigência
petista. "Mas se esperava
que, após os escândalos, houvesse recuo tático, um arrefecimento desse tipo de prática, porque estavam todos,
incluindo a oposição e a imprensa, muito mais atentos."
Rodrigues vê na alusão do
PT a "golpismo" no episódio
"uma mera justificativa,
mais ou menos hábil, que pode funcionar com o eleitorado mais simplório".
Segundo turno
O escândalo muda o cenário eleitoral a ponto de levar
a disputa para o segundo turno? Para Rodrigues, é difícil,
agora, avaliar duas variáveis:
a habilidade da oposição para explorar o episódio e o
efeito que terá na massa de
eleitores de Lula que tem
menos acesso aos meios de
comunicação.
Para Gonçalves Couto, há
sinais de que pode haver segundo turno, apesar do pouco tempo até a eleição. "É a
primeira vez que Lula perdeu a agenda da campanha e
está na defensiva. E apesar
de ele estar imune a todo tipo
de problema até agora, pode
ser que isso mude."
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