São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Alckmin diz que PT perdeu vergonha de roubar; Maia pede impeachment

No Rio, tucano afirmou que Lula "quer é impunidade, porque a impunidade é a mãe da corrupção"

O prefeito Cesar Maia (PFL), que acompanhava a visita do presidenciável, disse que presidente "delinqüiu e tem de ser processado"


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

No lançamento do seu programa de governo, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, deixou de lado o tema principal e, ao lado de dirigentes do seu partido e do aliado PFL, intensificou os ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu adversário.
"Quero deixar de lado a questão eleitoral, porque a questão hoje é muito maior e mais grave que a questão eleitoral. Não estamos enfrentando candidatura, mas uma sofisticada organização criminosa incrustada no Estado brasileiro", disse.
A PF prendeu semana passada quatro pessoas acusadas de negociar dossiê com supostas informações ligando o PSDB à máfia dos sanguessugas.
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), pediu abertamente o impeachment de Lula. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que o tom duro subirá a partir de agora nos programas de TV de Alckmin. Para ele, o escândalo acaba com a "idéia de que o governo era uma coisa, e o PT, outra". "Lula, PT e governo viraram uma coisa só."
No evento, realizado na marina da Glória (zona sul do Rio), o candidato tucano disse ainda que os petistas "perderam a vergonha de roubar" e que Lula "quer é impunidade, porque a impunidade é a mãe da corrupção". Ele qualificou como "coisas ridículas" as informações trazidas no dossiê dos Vedoin contra ele e o candidato ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB), presente à cerimônia.
Apresentador da solenidade, Maia disse que o impeachment é "inexorável, inevitável".
O constitucionalista Luiz Roberto Barroso explica que a lei 1.079/1950 autoriza "qualquer cidadão a denunciar o presidente da República" perante a Câmara de Deputados. Maia poderia fazê-lo, como pessoa física, caso desejasse, mas não como representante do PFL.
"Um fato desses exige o convencimento de uma alta e impessoal personalidade da sociedade civil, para prosperar", disse Maia. De manhã, porém, o prefeito disse que só entidade da sociedade civil deve mover o processo.
"É o início do velório [de Lula]. Já cabe processo de impeachment há muito tempo. O presidente delinqüiu e tem de ser processado. Fico mais assustado na hipótese improvável de ganhar eleição, porque entra com governo desestabilizado, respondendo a processo de impeachment imediatamente", disse Maia, para quem "não dá para governar com grupo de delinqüentes".

Moderado
Do PFL, também estiveram o presidente nacional, senador Jorge Bornhausen, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o senador José Jorge (PE), candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), evitou falar sobre impeachment. Disse que é um tema a ser tratado após a eleição, caso Lula vença. Ele afirmou estar surpreso com o novo escândalo. "Esse episódio vai ficar conhecido na política brasileira como o maior tiro no pé já dado por um partido político ou por um governo." Disse respeitar "pessoalmente o presidente", mas que "o que está muito claro já é que o PT, através de seus principais dirigentes, com cargos na direção nacional, com funções executivas na campanha, patrocinaram esse projeto."
Bornhausen disse que Lula deveria saber dos atos de seus companheiros e que o petista Oswaldo Bargas, ex-secretário de Ricardo Berzoini no Ministério do Trabalho, poderia escrever mais um capítulo do programa de governo. O que trataria do "crime eleitoral organizado". Bargas redigiu o capítulo sobre emprego e trabalho do programa do PT.


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