São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

O bode

Diante da dificuldade em convencer a oposição a retomar as votações no Senado pós-absolvição de Renan Calheiros, lideranças governistas já acenam com a possibilidade de tirar da sala a indicação de Luiz Pagot, patrocinada pelo PR do governador Blairo Maggi (MT), para a presidência do Dnit, órgão do Ministério dos Transportes que comanda R$ 10 bi anuais.
Caso se concretize o sumiço de Pagot, a oposição quer votar em seguida o projeto de resolução que torna abertas as sessões de cassação e a emenda constitucional que estabelece voto aberto nesses casos. Já o governo planeja apenas inverter a ordem das indicações e começar pela de Paulo Lacerda para a Abin, em tese mais fácil de ser digerida pelo plenário.

Sabão. Um estressado Ciro Gomes (PSB-CE) cruzou com o assessor parlamentar da Secretaria de Relações Institucionais do Planalto, Marcos Lima, no final da votação da CPMF. Diante de várias pessoas, esculhambou: "Quando quiser negociar com essa corja, procure outro lugar!".

Chamego. José Temporão teve de fazer um telefonema com pedido de desculpas a Íris de Araújo (PMDB-GO), que ameaçava votar contra a emenda alegando que o ministro da Saúde foi a Goiânia para um evento com o governador Alcides Rodrigues (PP), adversário do prefeito Íris Resende, marido da deputada.

Contagioso. Os peemedebistas se perguntavam ontem o que aconteceu com seu governador Paulo Hartung (ES). Depois de os senadores Renato Casagrande (PSB) e Gerson Camata (PMDB) terem aderido ao movimento anti-Renan, dois deputados capixabas votaram contra a CPMF: Rita Camata e Lelo Coimbra.

Verde. Por determinação de Lula, o balanço do PAC apresentado ontem foi impresso em papel reciclado.

Encantado. Rival histórico do PT, André Puccinelli (PMDB) agora só chama a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de "fada madrinha". É o resultado de R$ 291 mi do PAC destinados a Mato Grosso do Sul. O governador também tem preservado o antecessor Zeca do PT nas auditorias sobre sua gestão.

Reação 1. A intenção de Lula de lançar seu assessor Marco Aurélio Garcia para presidir o PT deve motivar a criação de uma frente que inclui as correntes Novo Rumo, PTLM e Movimento PT.

Reação 2. Além de refratária à ligação de Garcia com Tarso Genro, a frente teme que um presidente tão afinado com o Planalto enfraqueça a candidatura do PT em 2010. Com esse discurso, espera atrair parte do ex-Campo Majoritário. Garcia, porém, segue favorito ao posto.

Cifras 1. Três dos oito lotes da obras da Sabesp na Baixada estão com empreiteiras que ofereceram preço acima da referência na licitação. No lote em que a Gautama foi desclassificada pós-Operação Navalha, o valor do segundo colocado está 25% acima do sugerido pela companhia de saneamento paulista. O pacote terá custo total de R$ 1,2 bi.

Cifras 2. No lote 2, vencido pela Odebrecht contra apenas uma empreiteira, o preço superou em 60% o sugerido pela Sabesp. No lote 3, abocanhado pela Andrade Gutierrez também contra uma única concorrente, o valor foi 76% maior. A companhia tenta negociar reduções antes do início das obras, mas diz que a variação é prevista no contrato de financiamento externo.

Visitas à Folha. Aécio Neves (PSDB), governador de Minas, visitou ontem a Folha.
Fabio C. Barbosa, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Wilson R. Levorato, diretor-geral, e de William Salasar, superintendente de Comunicação Social.

Tiroteio

"Se até uma medidazinha como essa caiu, o que podemos esperar? O que era pouco virou nada". De JORGE DONADELLI, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca, sobre o fato de o governo ter revogado medida provisória que dava incentivos fiscais ao setor para destrancar a pauta da Câmara e acelerar o processo de votação da prorrogação da CPMF.

Contraponto

Referência estética

Na manhã de ontem, deputados discutiam na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara um projeto de lei que regulamenta a profissão de cabeleireiros e manicures.
Depois de alguns discursos contrários à idéia, sob o argumento de que ela estabeleceria reserva de mercado, Flávio Dino (PC do B-MA) resolveu tomar a palavra. O parlamentar, que já foi juiz, iniciou uma longa digressão técnica. Como ele não dava sinais de acabar, o colega Roberto Magalhães (DEM-PE) pediu um aparte:
-Concordo inteiramente com Vossa Excelência. São profissionais essenciais para a sociedade. Basta que me imaginem com o cabelo do senador Wellington Salgado!


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