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Senado decide abrir nova investigação sobre Renan
Mesa Diretora autoriza Conselho de Ética a iniciar quarto processo contra senador Presidente da Casa foi acusado de participar de suposto esquema de desvio em ministérios do PMDB, o que é negado por ele
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Mesa Diretora do Senado
autorizou ontem o Conselho de
Ética a abrir o quarto processo
de cassação contra o presidente
da Casa, Renan Calheiros
(PMDB-AL), acusado de quebra de decoro parlamentar.
Nessa nova frente de investigação, caberá ao conselho analisar se Renan participou de um
suposto esquema de desvio de
recursos públicos de ministérios chefiados pelo PMDB no
governo Lula. A representação
é de autoria do PSOL.
A denúncia foi feita pelo advogado Bruno de Miranda Lins,
que depôs à Polícia Civil do Distrito Federal. Ele é ex-genro do
lobista Luiz Carlos Garcia Coelho, amigo de Renan. A filha de
Coelho é funcionária do gabinete de Renan. Bruno fala em
"sacolas de dinheiro" do esquema que envolvia o desvio de recursos dos ministérios. Renan
nega as denúncias.
Durante a reunião da Mesa,
alguns integrantes defenderam
que o caso deveria ser analisado
na esfera criminal. "Achei que
era mais para queixa-crime do
que quebra de decoro", disse o
primeiro-vice-presidente da
Casa, Tião Viana (PT-AC).
Mas o petista disse avaliar
que o novo processo poderá ser
o mais complicado para Renan.
"A primeira denúncia e essa
agora são as mais complexas.
As outras são superficiais."
Absolvido do primeiro processo (caso Mônica Veloso), e
desse quarto, o presidente do
Senado enfrenta outros dois
processos por quebra de decoro. Um deles, o caso Schincariol, seria votado na quarta no
conselho, mas foi adiado.
O relator do caso Schincariol,
João Pedro (PT-AM), havia redigido parecer pelo arquivamento. Pressionado, deve deixar o processo paralisado até
que a Câmara conclua investigação sobre o irmão de Renan,
Olavo Calheiros (PMDB-AL).
O terceiro processo está parado no conselho. Renan é acusado de ter usado laranjas para
comprar empresas de comunicação em Alagoas com recursos
de origem desconhecida, parte
em dólares. O presidente do órgão, Leomar Quintanilha
(PMDB-TO), até agora não indicou o relator. Renan será notificado sobre a nova representação ao conselho e terá prazo
para apresentar sua defesa.
Quintanilha também afirma
ser contra a proposta de unificar os processos numa única
relatoria ou pelo menos votá-los em bloco. Parte da oposição
já aderiu à idéia. "Não há mais
necessidade de tramitação paralela. Economizaria tempo e
acabaria logo com essa tragédia", disse o líder da minoria,
Álvaro Dias (PSDB-PR).
Renan desdenhou da nova
investigação. "[Não estou preocupado] com a quarta, quinta,
sexta representações. Sou inocente e a inocência vale muito.
O que acaba preponderando é a
inocência e a verdade", disse.
"Isso não vai prosperar. Como
se tira um presidente do Senado que é inocente? Essa é a pergunta que hoje o Brasil faz."
Ele comparou o desfecho do
caso dele ao da CPMF. "A
CPMF é de interesse do país,
não do governo. A quem interessa quebrar a estabilidade
econômica, diminuir o número
de carteiras assinadas, acabar
com o Bolsa Família? Essas coisas acabarão preponderando
como a minha inocência vai
preponderar. Vocês verão que
eu sou inocente."
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