São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Senado decide abrir nova investigação sobre Renan

Mesa Diretora autoriza Conselho de Ética a iniciar quarto processo contra senador

Presidente da Casa foi acusado de participar de suposto esquema de desvio em ministérios do PMDB, o que é negado por ele

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Mesa Diretora do Senado autorizou ontem o Conselho de Ética a abrir o quarto processo de cassação contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de quebra de decoro parlamentar.
Nessa nova frente de investigação, caberá ao conselho analisar se Renan participou de um suposto esquema de desvio de recursos públicos de ministérios chefiados pelo PMDB no governo Lula. A representação é de autoria do PSOL.
A denúncia foi feita pelo advogado Bruno de Miranda Lins, que depôs à Polícia Civil do Distrito Federal. Ele é ex-genro do lobista Luiz Carlos Garcia Coelho, amigo de Renan. A filha de Coelho é funcionária do gabinete de Renan. Bruno fala em "sacolas de dinheiro" do esquema que envolvia o desvio de recursos dos ministérios. Renan nega as denúncias.
Durante a reunião da Mesa, alguns integrantes defenderam que o caso deveria ser analisado na esfera criminal. "Achei que era mais para queixa-crime do que quebra de decoro", disse o primeiro-vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC).
Mas o petista disse avaliar que o novo processo poderá ser o mais complicado para Renan. "A primeira denúncia e essa agora são as mais complexas. As outras são superficiais."
Absolvido do primeiro processo (caso Mônica Veloso), e desse quarto, o presidente do Senado enfrenta outros dois processos por quebra de decoro. Um deles, o caso Schincariol, seria votado na quarta no conselho, mas foi adiado.
O relator do caso Schincariol, João Pedro (PT-AM), havia redigido parecer pelo arquivamento. Pressionado, deve deixar o processo paralisado até que a Câmara conclua investigação sobre o irmão de Renan, Olavo Calheiros (PMDB-AL).
O terceiro processo está parado no conselho. Renan é acusado de ter usado laranjas para comprar empresas de comunicação em Alagoas com recursos de origem desconhecida, parte em dólares. O presidente do órgão, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), até agora não indicou o relator. Renan será notificado sobre a nova representação ao conselho e terá prazo para apresentar sua defesa.
Quintanilha também afirma ser contra a proposta de unificar os processos numa única relatoria ou pelo menos votá-los em bloco. Parte da oposição já aderiu à idéia. "Não há mais necessidade de tramitação paralela. Economizaria tempo e acabaria logo com essa tragédia", disse o líder da minoria, Álvaro Dias (PSDB-PR).
Renan desdenhou da nova investigação. "[Não estou preocupado] com a quarta, quinta, sexta representações. Sou inocente e a inocência vale muito. O que acaba preponderando é a inocência e a verdade", disse. "Isso não vai prosperar. Como se tira um presidente do Senado que é inocente? Essa é a pergunta que hoje o Brasil faz."
Ele comparou o desfecho do caso dele ao da CPMF. "A CPMF é de interesse do país, não do governo. A quem interessa quebrar a estabilidade econômica, diminuir o número de carteiras assinadas, acabar com o Bolsa Família? Essas coisas acabarão preponderando como a minha inocência vai preponderar. Vocês verão que eu sou inocente."


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