São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Marinho, no ABC, terá a campanha mais cara do PT

Candidato em São Bernardo do Campo, cidade onde Lula vota e onde o PT não vence há 20 anos, pretende gastar R$ 29,95 por voto

Ex-ministro do Trabalho diz ter arrecadado R$ 2,4 mi; valor só fica abaixo do que foi recebido na sigla por Marta e Gleisi Hoffmann, em Curitiba

EM SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP)

O candidato do PT à Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho, pretende gastar R$ 29,95 por voto. É a campanha petista mais cara do país entre os municípios com mais de 500 mil habitantes.
"Nós nos preparamos. Não podemos dar vexame e fazer o presidente passar vergonha aqui", disse Marinho, referindo-se ao fato de Lula ter residência e votar na cidade.
Apesar de não revelar seus doadores, a campanha de Marinho confirma que a maioria deles é de fora da cidade. Grande parte foi conquistada com a ajuda do Diretório Nacional do PT. "Eu e o [Ricardo] Berzoini levamos o Marinho para algumas reuniões", contou Paulo Ferreira, secretário de Finanças do PT. "Além disso, muita gente tem preferido fazer doações via Diretório Nacional."
Até agora, Marinho diz ter arrecadado R$ 2,4 milhões. Entre as campanhas petistas, ele só foi superado por Marta Suplicy, com R$ 4,6 milhões, e Gleisi Hoffmann, candidata em Curitiba, com R$ 3,2 milhões.
A decisão de investir pesado em São Bernardo deu-se porque o PT só venceu uma vez em São Bernardo. Isso foi há 20 anos. De lá para cá, os petistas nem sequer chegaram ao segundo turno. Além disso, o atual prefeito, William Dib (PSB), apóia o tucano Orlando Morando, cuja campanha de rua é similar à de Marinho. Ele pretende gastar R$ 6 milhões.
Para o coordenador-geral da campanha de Marinho, Tarcísio Secoli, o dinheiro é importante, mas não decisivo. "Com muito dinheiro e pouca organização não se ganha eleição. É preciso aliar as duas coisas."
Ele contou que a campanha de Marinho começou a ser construída em 2006, em uma conversa com Lula na Granja do Torto. "Ele disse para o Marinho criar as condições, que não era para se desgastar numa aventura", disse Secoli.
Tais condições começaram a ser construídas no ano passado, quando Marinho deu início à formação do seu arco de alianças. Ele começou com nanicos, como PSL, PHS e PTN.
O candidato a vice veio do PTB. Os petistas bancaram uma pesquisa em que o cantor de forró e deputado federal Frank Aguiar (SP) acabou como o melhor colocado.

Ação federal
Ministro do Trabalho e presidente nacional licenciado do PDT, Carlos Lupi convenceu o diretório municipal do partido -que tinha dois vereadores e um secretário na base do prefeito Dib- a migrar para a candidatura de Marinho.
A operação também contou com a ajuda do presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, que viabilizou um convênio com entidade ligada ao PDT. Procurado, ele não foi encontrado pela Folha.
Além de comandar o PDT em São Bernardo, João Costa Assis é presidente da seção regional da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas. Em agosto de 2007, ONG (organização não-governamental) ligada à entidade fechou convênio, no valor de R$ 250 mil por ano, para prestar atendimento à população. "A prefeitura nunca quis tocar o projeto", afirmou Costa Assis.
O coordenador-geral da campanha de Marinho confirmou como se deu o entendimento. "O João perguntou se tinha condições de ajudar", disse ele. "Então o Marinho conversou com o Meneguelli, que entendeu que o convênio estava dentro das atribuições do Sesi", concluiu.

Tele-Lula
Outro investimento na campanha ocorreu no fim de agosto, quando a campanha do PT de São Bernardo bancou um serviço de telemarketing, com a voz do presidente Lula pedindo votos para Marinho. Por ligação atendida, pagou-se R$ 0,13. Foram feitas cerca de 80 mil ligações, segundo a coordenação de campanha. (ADRIANO CEOLIN)


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