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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Marinho, no ABC, terá a campanha mais cara do PT
Candidato em São Bernardo do Campo, cidade onde Lula vota e onde o PT não vence há 20 anos, pretende gastar R$ 29,95 por voto
Ex-ministro do Trabalho diz ter arrecadado R$ 2,4 mi; valor só fica abaixo do que foi recebido na sigla por Marta e Gleisi Hoffmann, em Curitiba
EM SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP)
O candidato do PT à Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho, pretende gastar R$ 29,95 por voto. É a
campanha petista mais cara do
país entre os municípios com
mais de 500 mil habitantes.
"Nós nos preparamos. Não
podemos dar vexame e fazer o
presidente passar vergonha
aqui", disse Marinho, referindo-se ao fato de Lula ter residência e votar na cidade.
Apesar de não revelar seus
doadores, a campanha de Marinho confirma que a maioria deles é de fora da cidade. Grande
parte foi conquistada com a
ajuda do Diretório Nacional do
PT. "Eu e o [Ricardo] Berzoini
levamos o Marinho para algumas reuniões", contou Paulo
Ferreira, secretário de Finanças do PT. "Além disso, muita
gente tem preferido fazer doações via Diretório Nacional."
Até agora, Marinho diz ter
arrecadado R$ 2,4 milhões. Entre as campanhas petistas, ele
só foi superado por Marta Suplicy, com R$ 4,6 milhões, e
Gleisi Hoffmann, candidata em
Curitiba, com R$ 3,2 milhões.
A decisão de investir pesado
em São Bernardo deu-se porque o PT só venceu uma vez em
São Bernardo. Isso foi há 20
anos. De lá para cá, os petistas
nem sequer chegaram ao segundo turno. Além disso, o
atual prefeito, William Dib
(PSB), apóia o tucano Orlando
Morando, cuja campanha de
rua é similar à de Marinho. Ele
pretende gastar R$ 6 milhões.
Para o coordenador-geral da
campanha de Marinho, Tarcísio Secoli, o dinheiro é importante, mas não decisivo. "Com
muito dinheiro e pouca organização não se ganha eleição. É
preciso aliar as duas coisas."
Ele contou que a campanha
de Marinho começou a ser
construída em 2006, em uma
conversa com Lula na Granja
do Torto. "Ele disse para o Marinho criar as condições, que
não era para se desgastar numa
aventura", disse Secoli.
Tais condições começaram a
ser construídas no ano passado,
quando Marinho deu início à
formação do seu arco de alianças. Ele começou com nanicos,
como PSL, PHS e PTN.
O candidato a vice veio do
PTB. Os petistas bancaram
uma pesquisa em que o cantor
de forró e deputado federal
Frank Aguiar (SP) acabou como o melhor colocado.
Ação federal
Ministro do Trabalho e presidente nacional licenciado do
PDT, Carlos Lupi convenceu o
diretório municipal do partido
-que tinha dois vereadores e
um secretário na base do prefeito Dib- a migrar para a candidatura de Marinho.
A operação também contou
com a ajuda do presidente do
Conselho Nacional do Sesi, Jair
Meneguelli, que viabilizou um
convênio com entidade ligada
ao PDT. Procurado, ele não foi
encontrado pela Folha.
Além de comandar o PDT em
São Bernardo, João Costa Assis
é presidente da seção regional
da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas. Em agosto
de 2007, ONG (organização
não-governamental) ligada à
entidade fechou convênio, no
valor de R$ 250 mil por ano,
para prestar atendimento à população. "A prefeitura nunca
quis tocar o projeto", afirmou
Costa Assis.
O coordenador-geral da
campanha de Marinho confirmou como se deu o entendimento. "O João perguntou se
tinha condições de ajudar", disse ele. "Então o Marinho conversou com o Meneguelli, que
entendeu que o convênio estava dentro das atribuições do
Sesi", concluiu.
Tele-Lula
Outro investimento na campanha ocorreu no fim de agosto, quando a campanha do PT
de São Bernardo bancou um
serviço de telemarketing, com a
voz do presidente Lula pedindo
votos para Marinho. Por ligação atendida, pagou-se R$ 0,13.
Foram feitas cerca de 80 mil ligações, segundo a coordenação
de campanha. (ADRIANO CEOLIN)
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