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"Aloprados" do caso dossiê seguem soltos
Investigação sobre R$ 1,7 milhão apreendido com petistas em hotel de São Paulo na campanha de 2006 está paralisada
Após ir para o STF e voltar para a Justiça Federal, caso agora está com procurador da República, que deve pedir mais provas à Polícia Federal
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois anos depois do escândalo que marcou a eleição presidencial, a investigação sobre o
R$ 1,7 milhão apreendido com
petistas em um hotel em São
Paulo está parada. Ninguém foi
acusado formalmente à Justiça
e a possibilidade de se descobrir a origem do dinheiro é, a
cada dia, mais remota.
"É uma investigação tormentosa, difícil. E, quanto mais o
tempo passa, pior", afirma em
tom pessimista o procurador
da República Mario Lúcio Avelar, que acompanha o caso desde a noite de 15 de setembro de
2006, quando a Polícia Federal
prendeu dois petistas com uma
pilha de reais e de dólares.
Detidos em flagrante num
quarto de hotel, Valdebran Padilha e o então assessor da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Gedimar Passos, disseram que
se encontraram para negociar
um dossiê contra tucanos.
Para muitos, o episódio foi
determinante para a ida da eleição para o segundo turno, o que
levou o presidente Lula a batizar os petistas que atuaram na
operação de "aloprados".
Parado
O inquérito hoje não avançou
nada em relação a dezembro de
2006, quando foi concluído pelo delegado da PF Diógenes Curado Filho -atual secretário de
Segurança de Mato Grosso.
Depois de 96 dias de investigação, Curado concluiu que o
dinheiro apreendido saiu do
caixa dois da campanha do senador Aloizio Mercadante
(PT), que disputava o governo
de São Paulo. O policial indiciou o senador, os dois detidos
no hotel e outras quatro pessoas por crime eleitoral.
Como Mercadante foi citado,
o caso subiu para o STF (Supremo Tribunal Federal), único
que pode investigar um senador. A corte anulou o indiciamento por ausência de provas.
Em maio, depois de passar um
ano e cinco meses no STF, o inquérito retornou para a Justiça
Federal de Cuiabá (MT).
Desde então, a investigação
está com o procurador da República, que deverá pedir novas
provas à PF. "O inquérito ficou
muito tempo no Supremo. Várias diligências que pedimos à
época foram negadas pela Justiça. Agora tudo é mais difícil. É
como num assassinato. Quanto
mais o tempo passa, mais as
provas esfriam", disse Avelar.
Uma segunda investigação
foi aberta à época, desta vez no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a pedido do PSDB, que
acusou o presidente e outros
cinco petistas de abuso de poder econômico na eleição.
O ministro relator da representação, o hoje presidente do
STJ (Superior Tribunal de Justiça), Cesar Asfor Rocha, mandou arquivar o caso. Ele entendeu que não era possível vincular o dinheiro apreendido à
campanha eleitoral, e concluiu
que o principal prejudicado
com o dossiegate foi Lula. O
PSDB recorreu ao STF.
Personagens
Seguindo a lógica do caso,
pouco mudou também na vida
dos personagens do dossiegate.
Valdebran Padilha, que intermediou a venda do dossiê
entre a família Vedoin, dona do
material, e o PT, segue em
Cuiabá, onde administra uma
construtora que vive de contratos públicos.
Hamilton Lacerda, que foi
apontado pela PF como o
transportador do dinheiro para
o hotel, se desfiliou do partido,
mas ainda participa de reuniões do PT e do lançamento de
candidaturas petistas.
Também citado no escândalo, Freud Godoy, ex-segurança
de Lula, não tem mais cargo no
governo, mas presta serviço de
segurança ao partido.
Já Jorge Lorenzetti, ex-coordenador da área de inteligência
da campanha e quem determinou a análise do dossiê, trabalha hoje em uma lanchonete
que montou com a família.
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