São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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Família de Chico Mendes teme que seus ideais sejam esquecidos

DA ENVIADA ESPECIAL A XAPURI

À beira do rio Acre, a casa onde Chico Mendes viveu é preservada como no final da tarde em que ele foi assassinado, 20 anos atrás. Até o dominó que ele jogava é mantido sobre a mesa da cozinha, e manchas de sangue ainda podem ser vistas nas paredes de madeira. O livro de visitas do museu registra a passagem de pessoas de outros Estados e países. Entre os conterrâneos de Chico Mendes, no entanto, há divergências sobre a sobrevivência de seus ideais em Xapuri e na floresta.
"Era para ser uma memória muito viva, mas vale o ditado de que santo de casa não obra milagre. Aqui prevaleceu o conceito de destruir para desenvolver, inclusive dentro da própria reserva", observa Raimundo Mendes de Barros, primo do líder seringueiro. Ele mora na reserva extrativista Chico Mendes e disputa vaga de vereador em Xapuri, nas eleições de outubro.
À frente da fundação que preserva a memória do pai, Elenira, 24 anos, se preocupa com os mais jovens. "Aos 17, 18, 19 anos, muitos jovens de Xapuri não sabem quem foi Chico Mendes". A fundação exibe uma cópia de carta dirigida pelo líder ao "jovem do futuro", de um ainda longínquo 6 de setembro de 2120, data de aniversário de uma "revolução socialista mundial" sonhada por ele.
Elenira se ocupa dos efeitos das queimadas sobre o clima na região. Ao lado dela, a mãe, Ilzamar diz que é preciso dar atenção também aos seringueiros mais velhos. "Realmente, há muito o que ser trabalhado", insiste a viúva de Chico Mendes.

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