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Fábrica estatal de camisinhas reativa mercado de látex
DA ENVIADA ESPECIAL A XAPURI
Vizinhos na estrada da
Borracha, que dá acesso à
cidade de Xapuri, a recém-inaugurada fábrica estatal
de preservativos e um frigorífico dão ao visitante
um resumo da novela do
combate ao desmatamento na terra de Chico Mendes, sob um céu tomado
pela fumaça -trazida pelos ventos de queimadas
das vizinhas Rondônia e
Bolívia, dizem os locais.
A fábrica, que só deverá
entrar em operação no
mês que vem, começa a
reativar a produção de látex na região. O frigorífico
abate, em média, cem cabeças vindas por mês da
reserva extrativista Chico
Mendes. O preço de um
dia de trabalho nos seringais não supera o valor pago pela arroba do gado.
"É uma luta desigual,
porque o gado dá mais",
contabiliza o ministro
Carlos Minc (Meio Ambiente), que estuda uma
edição da operação de
apreensão de gado ilegal
na reserva extrativista
Chico Mendes, sob aplausos da viúva do líder seringueiro, Ilzamar: "Acho
aquele negócio de boi pirata legal demais".
Mas o ministro espera
efeito mais relevante da
medida aprovada pelo
Conselho Monetário Nacional, que prevê o pagamento de subsídios aos
produtores para a garantia
de preço mínimo de R$
3,50 por quilo de borracha
natural. Esse preço corresponde ao custo da borracha importada da Malásia
e supera o valor médio pago aos seringueiros extrativistas no Amazonas e no
Acre, de R$ 2,70 por quilo.
Sócio do frigorífico Frigoverde e presidente do
sindicato dos produtores
rurais, Nilberto Menezes
calcula que 60 bois são
abatidos por dia na cidade.
Uma parte do rebanho segue para frigoríficos maiores na capital, Rio Branco,
distante 150 quilômetros.
Aproximadamente cem
cabeças abatidas por mês
sairiam da reserva extrativista, estima Menezes. "Os
dados não são muito precisos, porque há muitos
atravessadores e não se sabe ao certo o que vem da
reserva, talvez seja mais."
A fábrica de preservativos Natex já tem 550 seringueiros cadastrados.
Dirlei Bersch, gerente da
empresa, diz que a meta é
alcançar 700 fornecedores
de látex para a produção
de 100 milhões de unidades por ano. O início da
operação depende de registro na Agência Nacional
de Vigilância Sanitária,
previsto para outubro.
A produção será destinada ao Ministério da Saúde, que bancou mais da
metade do investimento
de R$ 30 milhões para a
construção da fábrica,
inaugurada em abril.
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