São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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Fábrica estatal de camisinhas reativa mercado de látex

DA ENVIADA ESPECIAL A XAPURI

Vizinhos na estrada da Borracha, que dá acesso à cidade de Xapuri, a recém-inaugurada fábrica estatal de preservativos e um frigorífico dão ao visitante um resumo da novela do combate ao desmatamento na terra de Chico Mendes, sob um céu tomado pela fumaça -trazida pelos ventos de queimadas das vizinhas Rondônia e Bolívia, dizem os locais.
A fábrica, que só deverá entrar em operação no mês que vem, começa a reativar a produção de látex na região. O frigorífico abate, em média, cem cabeças vindas por mês da reserva extrativista Chico Mendes. O preço de um dia de trabalho nos seringais não supera o valor pago pela arroba do gado.
"É uma luta desigual, porque o gado dá mais", contabiliza o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), que estuda uma edição da operação de apreensão de gado ilegal na reserva extrativista Chico Mendes, sob aplausos da viúva do líder seringueiro, Ilzamar: "Acho aquele negócio de boi pirata legal demais".
Mas o ministro espera efeito mais relevante da medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, que prevê o pagamento de subsídios aos produtores para a garantia de preço mínimo de R$ 3,50 por quilo de borracha natural. Esse preço corresponde ao custo da borracha importada da Malásia e supera o valor médio pago aos seringueiros extrativistas no Amazonas e no Acre, de R$ 2,70 por quilo.
Sócio do frigorífico Frigoverde e presidente do sindicato dos produtores rurais, Nilberto Menezes calcula que 60 bois são abatidos por dia na cidade. Uma parte do rebanho segue para frigoríficos maiores na capital, Rio Branco, distante 150 quilômetros.
Aproximadamente cem cabeças abatidas por mês sairiam da reserva extrativista, estima Menezes. "Os dados não são muito precisos, porque há muitos atravessadores e não se sabe ao certo o que vem da reserva, talvez seja mais."
A fábrica de preservativos Natex já tem 550 seringueiros cadastrados. Dirlei Bersch, gerente da empresa, diz que a meta é alcançar 700 fornecedores de látex para a produção de 100 milhões de unidades por ano. O início da operação depende de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, previsto para outubro.
A produção será destinada ao Ministério da Saúde, que bancou mais da metade do investimento de R$ 30 milhões para a construção da fábrica, inaugurada em abril.


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