FLÁVIA SANCHES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um dia depois de a OAB, a CNBB e o Conic anunciarem o abandono das negociações entre os sem-terra e o governo federal, o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) José Rainha Júnior pediu apoio ao governador do Estado de São Paulo, Mário Covas. Rainha quer ajuda de Covas na liberação de créditos para os agricultores do Pontal do Paranapanema.
"Há um compromisso dele com a reforma agrária e ele se comprometeu em levar a questão adiante. Certamente deverá discutir com o ministro (Raul Jungmann)." Segundo Rainha, nos últimos dois anos apenas São Paulo autorizou créditos para os agricultores. O Fundo de Expansão da Agropecuária e da Pesca (Feape) teria liberado no último ano R$ 3 milhões para o plantio de mandioca e R$ 5 milhões para o de frutas. "O governo central não liberou R$ 0,01 para nenhum assentamento nos últimos dois anos."
Na nota oficial assinada anteontem pela OAB, CNBB e Conic, as entidades negaram que o motivo da saída teriam sido as denúncias do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de que o MST estaria cobrando pedágio dos agricultores na obtenção de crédito. Rainha disse que o assunto está sendo tratado na Justiça pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalg. O dirigente não nega que a direção do MST esteja preparando ações de protesto em todo país, mas não revela detalhes. "A história dirá em poucos dias o que vamos fazer."


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