São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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MATO GROSSO DO SUL

Pamplona pedia votos para o PT em reuniões com famílias carentes

Coordenador é exonerado do governo

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE

FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O coordenador-geral do programa que distribui cestas básicas do governo de Mato Grosso do Sul, Neriberto Pamplona, 41, foi exonerado do cargo ontem, após reportagem da Folha ter revelado que ele e subordinados têm realizado reuniões com moradores pobres para pedir votos para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para o governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, candidato à reeleição.
A informação foi dada pelo procurador-geral do Estado, José Wanderley Bezerra Alves. O governo também anunciou o afastamento de outros dois servidores citados na reportagem, entre eles a coordenadora do programa em Campo Grande, Isabel Fernandes Alvarenga, 47, e a abertura de sindicância. Os três trabalhavam no Programa de Segurança Alimentar, que distribui 60 mil cestas básicas por mês no Estado e é um dos principais pontos da campanha de Zeca à reeleição.
A reportagem narrou uma reunião realizada no bairro Monte Castelo, em Campo Grande, na última quarta-feira, na qual Isabel pedia votos a Lula e Zeca e, ao final, 32 pessoas deixaram seus nomes e endereços numa agenda para possível inclusão no programa de cesta básica.
Em entrevista na semana passada, Isabel e Pamplona admitiram outras 14 reuniões do gênero, mas disseram que elas são feitas fora do horário de expediente e "a pedido" de moradores de regiões carentes. Ontem eles não foram localizados.
Em nota oficial divulgada ontem à tarde, o governo de Mato Grosso do Sul afirma que "nunca orientou, nem admite, qualquer ação política em relação aos seus programas sociais e desconhecia, até o presente momento, qualquer ação não permitida em lei e fora dos padrões éticos".
Assinada pelo procurador-geral Bezerra Alves, a nota afirma ainda que "desautoriza publicamente qualquer pessoa a falar em nome do governador e do Estado".
Segundo Bezerra Alves, essa medida apenas ratifica uma norma do governo estadual.
Procurado, o presidente regional do PT, partido ao qual os servidores são filiados, Mariano Cabreira, não comentou o assunto.


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